Este estudo enseja discutir o espaço nas obras Nós, os do Makulusu, do angolano José Luandino Vieira, e em Grande Sertão: Veredas, do brasileiro João Guimarães Rosa.
As relações entre as literaturas brasileiras e africanas ensejam este estudo que pretende verificar as semelhanças e as diferenças entre as obras Sagarana, do brasileiro João Guimarães Rosa e Luuanda, do angolano José Luandino Vieira. Neste estudo pretendemos observar como os autores trabalham o espaço – o sertão em Sagarana e o musseque em Luuanda pois acreditamos que o espaço ajuda a falar da condição humana.
O presente trabalho contém algumas reflexões de uma pesquisa em andamento que propõe o estudo comparativo entre duas obras, Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, e Nós, os do makulusso José Luandino Vieira, na perspectiva da modalização épica.
No presente artigo pretendemos analisar dois contos do sistema literário das literaturas de língua portuguesa, Conversa de Bois de Guimarães Rosa e Estória da Galinha e do ovo de José Luandino Vieira, com o objetivo de apontar a violência e a busca pela liberdade vivenciada pelas crianças nas duas narrativas. A nossa análise sustenta-se no aporte teórico de SCHØLLHAMMER (2013) acerca da violência, em LORENZ (2002) e BOSI (2002) sobre a resistência. Verificamos que os dois autores tem semelhança no trato dado a resistência tanto pelo tema quanto pela escrita e no fato de que as crianças resolvem os conflitos de duas formas: Tiãozinho com o auxílio dos bois em Guimarães Rosa e Beto e Xico com o respeito a tradição sem auxílio de ninguém.
Do macrossistema de literaturas de língua portuguesa escolhemos as literaturas brasileira e angolana para nosso estudo com os livros Sagarana de João Guimarães Rosa e Luuanda de José Luandino Viera. Podemos considerar que nos dois autores a vegetação tem a reversibilidade presente, especialmente nas árvores que trazem a morte e o renascimento constante no ciclo da vida. A árvore que marca
o meio do mundo de Luuanda é o pé de caju como o símbolo de Angola e a do eterno recomeço. Em Sagarana é a suinã a árvore no meio do mundo pois na maioria dos contos em que a árvore aparece como uma ligação entre o homem e Deus, ela está presente com o nome de suinã, coraleira ou barbatimão, com a seiva vermelha cor de sangue. Mas tanto o cajueiro como a suinã convocam o homem para buscar as suas origens, o cajueiro fixando o homem pela raiz e a suinã ligando o homem ao universo.
Do macrossistema de literaturas de língua portuguesa na linha de pesquisa Literatura e sociedade na época contemporânea: Portugal, Brasil e áfrica escolhemos as literaturas brasileira e angolana para nosso estudo com os livros Sagarana, de João Guimarães Rosa e Luuanda, de José Luandino Vieira. Pela valorização da linguagem local esses escritores criaram um mundo à parte no espaço ficcional - o sertão em Sagarana e o musseque em Luuanda - com uma geografia, flora e fauna que são parte ativa na vida das personagens habitantes deste espaço. Os seres que vivem nesse "mundo dentro de outro mundo" estão sujeitos às suas leis: um misto de acaso, de destino e de forças sobrenaturais. Pretendemos verificar as semelhanças e diferenças entre esses dois autores e a nossa escolha desses autores se justifica tanto pela formalização estética quanto pelos valores veiculados nas obras.