Este artigo propõe-se a tarefa de tecer reflexões sobre o filme “Mutum”, adaptação para o cinema da novela “Campo Geral”, que integra a obra Corpo de Baile, do escritor mineiro João Guimarães Rosa, desenvolvida pela diretora Sandra Kogut. Para tanto, discorreremos sobre os elementos narrativos que foram alterados na adaptação, bem como sobre as possíveis razões conceituais que possam justificar tais alterações, com especial destaque para a presença marcante do plástico nas cenas de filmagem, em desconformidade com a realidade que se pode supor para o momento histórico da publicação da obra
literária. Debateremos a adaptação do ponto de vista da atemporalidade do texto rosiano, em contraste com as condições socioculturais do sertão mineiro e teceremos reflexões sobre a trama do ponto de vista do protagonista, Miguilim (Thiago, no filme), verificando ainda os elementos artísticos e as técnicas de filmagem que foram adotadas para recriar a intimidade do personagem central. Concluiremos d
Indaga-se neste ensaio sobre a presença da leminiscata, o símbolo do infinito, imagem posta ao
final de Grande Sertão: Veredas, e recorrente em sua representação e em seu significado no conjunto da obra rosiana. Propõe-se investigar como a literatura rosiana é capaz de aliar-se ao desenvolvimento da ciência e contribuir com a inovação, de modo a que seus estudos apresentem resultados válidos para a pesquisa científica, verificando-se qual a origem desse símbolo e qual a relação entre ele e as noções de tempo e espaço em Tutaméia Terceiras Estórias. Urge que se examine a travessia empreendida pelos personagens dessa obra, de acordo com o conceito de espaço, proposto por Doreen Massey, ao lado das concepções de tempo, conforme Henri Bergson.
Parte-se da premissa de que o tema do insólito não pode ser desvinculado do conflito gerado pelo
conhecimento da realidade diante de um fenômeno inexplicável. De fato, o insólito encontra-se vinculado a todo comportamento estranho, ou seja, ao que foge do senso comum como argumenta (HELLER, 2014). Segundo a autora, no livro O cotidiano e a história, A vida cotidiana é a vida de todo homem, ele é ao mesmo tempo um ser particular e um ser genérico, por ser único e por ser produto de suas relações sociais. Sendo a literatura a representação possível da vida cotidiana e também daquilo que foge do senso comum, com a inserção do que se alça ao sobrenatural,o artigo proposta analisa o conto de Guimarães Rosa, A menina de lá (ROSA, 1985), do livro Primeiras Estórias. Já o título anuncia tratar-se de uma menina "de lá", de um mundo diferente, incompreendida por fazer previsões, que passam para a família que "nunca tirava o terço da mão" como milagres. Sua linguagem é vista como incompreensível