Objetiva-se demonstrar as marcas do trágico presentes no conto "A benfazeja" (Primeiras estórias, 1962), de João Guimarães Rosa. A desmedida (hybris), a fatalidade do destino, o bode expiatório (pharmakós) constituirão o centro do enfoque. O tom persuasivo do narrador do conto rosiano está confrontado com o de Atena em "Eumênides", de Ésquilo.
Tentaremos abordar, sucintamente, a complexidade do estudo dos gêneros em Grande sertão: veredas, preliminarmente pela semântica da própria palavra gênero e, posteriormente, dialogando com textos críticos sobre o tema em pauta para, na esteira deste diálogo, apontarmos na forma do romance características do gênero dramático de tendência épica, à luz da teoria de teatro brechtiana.
Partindo do conceito de fronteira, em Semiótica da Cultura, como mecanismo semiótico sem o qual não é possível haver produção de sentido numa dada semiosfera, focalizaremos, em Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, as fronteiras movediças e o hibridismo na estrutura do romance, na narrativa, na indefinição espacial e temporal, nos personagens e na alquimia do verbo.