Este trabalho objetiva tecer considerações sobre o contador de estórias no projeto estético-literário de Guimarães Rosa. Para tanto, procederemos a uma breve revisão da crítica rosiana, destacando clichês, para, a seguir, aprofundarmo-nos em aspectos desse projeto, como a noção de regionalismo deste autor, o seu trabalho com a linguagem e a figura do contador de estórias, de matriz oral, que será por nós interpretada como um narrador atuante em tempos modernos. Faremos uso da figura de diversos contadores de estórias que surgem em obras de João Guimarães Rosa, nos fixando em especial nas novelas “Buriti” e “Cara-de-bronze”. Nosso objeto de estudo configura-se basicamente como uma indagação: que faz a ancestral figura do contador de estórias em uma narrativa moderna? Nossas considerações desejam oferecer trilhas, pistas, para se compreender o lugar que ocupa a categoria contador de estórias nos textos de Rosa, categoria essa haurida da literatura oral.
Estudo de Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, e dos contos "Intestino grosso", “Entrevista”, “Feliz Ano Novo”, “Mandrake”, “O cobrador” e “Os inocentes”, de Rubem Fonseca, com o objetivo de mostrar como os episódios narrativos enfocados contêm manifestações de violência que implicam um caráter inocente, em certo sentido, dos personagens que as executam, sendo, portanto, mais preciso classificá-las como monstruosidades do que como ações criminosas, levando-se em conta que a perversidade inerente aos monstros faz parte do não saber que impulsiona seus atos.