Com base nos apontamentos feitos por Luiz Tatit nas análises realizadas em seu livro Semiótica à luz de Guimarães Rosa, e também em outros textos seus, nosso intuito é o de examinar e descrever a configuração tensiva que subjaz ao conto “A menina de lá”. Interessa explicitar as operações sintáxicas que estão na base da estruturação narrativa e discursiva da trama e que, por isso mesmo, respondem pela sua força de convocação sensível-inteligível. Ao que nos parece, por meio da construção das personagens dessa narrativa, Rosa traz valiosas contribuições acerca das condições que regulam a interação entre os sujeitos.
Este trabalho visa a demonstrar a importância da inferência lexical no processamento do texto de Guimarães Rosa. A fundamentação teórica tem como base as proposições de Kleiman (2004) e de Kato (2000) e, sempre que o material de estudo o exige, faz-se uso da noção de neologismo, analisada por Alves (1994). Comprova-se que dois contextos de inferência são fundamentais para a compreensão dos neologismos rosianos: um é o de contraste e comparação; outro é o de conotação. Conclui-se que, no texto de Guimarães Rosa, a língua alcança o estado metafórico, no qual as possibilidades linguísticas são multiplicadas pela inventividade do falante.