O presente artigo se a propõe analisar o conto “A terceira margem do rio” de João Guimarães Rosa, tendo em vista a poesis do devaneio desenvolvido por Gaston Bachelard. No conto, a imagem do rio, representada em suas três margens através das águas que se projetam, aparece como o grande símbolo da universalidade. Trata-se da epifania de um mistério que revelando estados de uma alma em devaneio, tece arte e vida numa conjunção de integralidade, força e beleza.
Este texto tem como finalidade a apresentação de uma proposta do que seriam os mecanismos criadores da obra de Guimarães Rosa. Para tanto, focaliza o conteúdo de dois prefácios do livro Tutaméia, pondo em dúvida a sinceridade do que está no "Sobre a escova e a dúvida" mas considerando as colocações de "Aletria e hermenêutica" como preciosas formulações sobre o processo da criação poética.
Este trabalho pretende fazer uma leitura de Tutaméia, de Guimarães Rosa, focalizando principalmente um de seus prefácios – A escova e a dúvida. Busca-se problematizar a forma como a voz autoral e a voz narrativa se confundem nessa construção, assim como as conseqüências decorrentes dessa sobreposição. Pretende-se, ainda, efetuar uma discussão teórica em diálogo com alguns autores,
buscando compreender como Rosa utiliza esse mecanismo gerador de ambigüidades e perplexidades.