Análise do livro Ave, palavra, de João Guimarães Rosa, com a indicação de suas características: a metalinguagem, a busca da palavra exata, a experimentação linguística e a descrição poética de seres e paisagens, a intertextualidade, a escrita da poesia, o lirismo e a duplicação do narrador/autor. O volume representa a compilação, feita por Paulo Rónai, de textos de qualidade irregular, que serviriam de matéria prima para que Guimarães Rosa desenvolvesse em outros textos, tal como fez com fragmentos de Magma.
O presente trabalho tem como objeto de estudo os contos que constituem a coletânea “Jardins e Riachinhos”, do livro Ave, Palavra, obra póstuma de João Guimarães Rosa. Nesses textos, analisamos as imagens arquetípicas dos jardins e dos rios, considerando o conceito de arquétipo de Jung, que constitui um correlato indispensável da idéia de inconsciente coletivo. O conceito de arquétipo indica a existência de determinadas formas simbólicas na psique humana, presentes em todo o tempo e em todo lugar. As imagens presentes na obra do grande prosador-poeta se formam em torno de uma orientação fundamental, que se compõe de sentimentos e emoções próprios de uma cultura, assim como de toda experiência individual e coletiva. Os jardins e os rios como imagens arquetípicas que simbolizam os desejos, as necessidades, as angústias do ser humano desde os primórdios. Assim, nos orientamos nos postulados de Gilbert Durand que, propondo uma antropologia do imaginário, deseja conciliar a totalidade das motivações simbólicas com base na sua mitodologia, aparato que estabelece as relações entre imaginário e literatura.
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