Este trabalho faz uma análise do conto “A partida do audaz navegante”, de Guimarães Rosa, tendo como fio condutor o universo mágico da infância. O objetivo é refletir sobre a construção do pensamento mágico-poético no discurso do narrador e das personagens crianças; apreender a construção e a desconstrução do universo poético-maravilhoso nessas narrativas rosianas, assim como analisar o vínculo entre a enunciação do narrador e a das personagens infantis, ressaltando o encantamento e o desencantamento. A fundamentação teórica baseia-se em concepções de Roland Barthes sobre a leitura e a escritura. O estudo evidenciou que, em um contexto em que a criança raramente tem sua voz própria, Rosa dilui seu discurso e o seu olhar poético ao do narrador e das personagens, tornando-o quase indissociável do discurso infantil, está intimamente relacionado com experiências mágicas, construídas, por sua vez, em universo poético-maravilhoso.
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