O artigo pretende estabelecer relações entre as obras de Glauber Rocha e João Guimarães Rosa a partir da reflexão sobre o posicionamento do cineasta em relação à estética do autor mineiro, explicitado sobretudo em Riverão Sussuarana, único romance de Glauber Rocha, no qual Guimarães Rosa é uma personagem. Dessa maneira intenciona-se discutir certos conflitos compartilhados pela literatura e cinema nacionais, como a representação do sertão através de técnicas narrativas avançadas.
Este ensaio visa abordar o "romance" Riverdo Sussuarana, de Glauber
Rocha, em que o autor e Guimaraes Rosa se tomam personagens. A neobarroca
linguagem de excessos que constitui a narrativa apresenta uma escrita de
exceção, ate mesmo uma neografia, ou heterografia, de carater alegorico, como
desafio aortografia e como afirmação autogcifica de uma autoria fantasmag6rica.
Riverão Sussuarana não é um filme, mas poderia sê-lo. Revê-lo, re-visá-lo, indica que não foi lido o suficiente. Construído em torno do conceito de heuztorya, criado por Glauber Rocha, o romance alia a história pessoal, biográfica, de Rocha à história do país, a partir do tenentismo de 1930. Nesta dissertação apresento a crítica literária produzida à época de seu lançamento, demonstrando que sua recepção assemelhou-se à da produção cinematográfica de Glauber Rocha após a década de 1970: os críticos a desqualificavam como caso de loucura. No primeiro capítulo, abordo como se dá a relação com Guimarães Rosa no texto de Riverão, centrando-me no uso da linguagem. No segundo capítulo, apresento a vinculação com o romance A menina morta, de Cornélio Penna, destacando a polissemia da morte construída em Riverão. No terceiro capítulo, retorno a Guimarães Rosa para explorar a relação Riverão/Zé Bebelo, apresentando o teatro da lei.
Atenção! Este site não hospeda os textos integrais dos registros bibliográficos aqui referenciados. Para alguns deles, no entanto, acrescentamos a opção "Visualizar/Download", que remete aos sites oficiais em que eles estão disponibilizados.