Esta tese analisa aspectos da chamada cultura oral em Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, e em A vida verdadeira de Domingos Xavier, João Vêncio: os seus amores e Nós: os do Makulusu, do escritor angolano José Luandino Vieira, buscando mostrar que o substrato de oralidade aparentemente presente nesses textos é um efeito criado pela ficção e só existe, portanto, como artefato literário. O primeiro capítulo, "Mundos em Destruição", procura justificar, mediante uma abordagem pessoal, a pertinência do tema e a perspectiva comparativa desta tese, mostrando resumidamente algumas relações de influência que se estabeleceram entre as literaturas do Brasil e de Angola ao longo dos séculos de sua história colonial e também entre os autores em estudo. No segundo capítulo, "Novos Demiurgos: Guimarães Rosa", analiso os traços supostamente orais da linguagem do Grande sertão: veredas sob os aspectos lexical, sintático e estilístico, mostrando que o caráter oral desses traços é fruto da invenção lingüística de Guimarães Rosa e obedece a necessidades internas de construção do sentido nos diversos episódios do romance. No terceiro capítulo, "Novos Demiurgos: Luandino Vieira", adoto o mesmo tipo de abordagem para as obras de José Luandino Vieira, destacando-se a estilização de traços do português falado em Luanda e da língua quimbundo nos textos do autor angolano. No quarto capítulo, "Arqueologia da Composição", são analisadas algumas formas maiores da oralidade estilizadas nos textos em estudo (motes, canções, epítetos, provérbios, perguntas) em sua relação com os gêneros narrativos das obras lidas, numa perspectiva mais abertamente comparativa entre os dois autores. O último capítulo, "Ruína e Construção", sintetiza as conclusões deste trabalho.
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