O presente estudo aborda Grande sertão: veredas a partir de uma perspectiva multidimensional, compreendendo a obra através do entrelaçamento dinâmico de vários níveis narrativos, tornado possível pela via da narração de um aprendizado poético. Tal aprendizado, corporificado na trajetória de Riobaldo, implica a compreensão da arte como um fluxo, movimento a ser apreendido através da vivência de três suportes fundamentais: ritmo, transcendência e experiência estética. Tendo como base a interação que se dá entre essas três dimensões da experiência, a operar na lógica da simultaneidade, temos as expressões artísticas de Riobaldo, configuradas pela via de uma poética que se apresenta com contornos bem específicos. Aqui nomeada como porosidade poética, essa pressuporia a permeabilidade e o trânsito entre níveis ordinários e extra-ordinários de realidade, assim como seria marcada por um afastamento do lugar tradicional atribuído ao artista. Assim constituído, este conceito é então utilizado como chave de leitura para que se lance um novo olhar sobre Grande sertão: veredas, em diálogo com dimensões presentes na própria poética rosiana. Percebe-se, então, a pluralidade de níveis sob os quais a narrativa de Riobaldo pode ser lida de um modo simultâneo, dinâmico e poroso o que, por sua vez, remete a uma dimensão metapoética da obra literária.
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