Análise comparativa com enfoque no caráter etnográfico de Grande sertão: veredas, de Guimarães
Rosa, e de A arte de andar nas ruas do Rio de Janeiro, de Rubem Fonseca. Considera-se que, no
romance rosiano, o interlocutor silente de Riobaldo é um senhor que pontua, corrige e adéqua a fala
do personagem ao gosto do leitor letrado, persistindo na relação de alteridade aí existente a mediação
feita pelo intelectual citadino, o qual ainda fala pelo Outro. Quanto ao conto de Rubem
Fonseca, o caráter etnográfico da literatura não resvala nessa prática tradutória, pois o narrador
reproduz, por exemplo, uma pichação dos Sádicos do Cachambi no Teatro Municipal, preservando
a desobediência dos marginais à norma padrão da língua, transmitindo, sem mediações, um enunciado
que viola a cultura dominante. Sob esse viés, pretende-se demonstrar como a figuração de alteridade
de autoria fonsequiana realiza-se mais diretamente do que a de Rosa.
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