Esta dissertação consiste em um estudo do louco e do poeta como personagens na novela "O recado do morro", de João Guimarães Rosa, publicada originalmente no livro Corpo de baile (1956) e mais tarde realocada no volume No Urubuquaquá, no Pinhém (1965) por desejo do autor, ao lado de outras duas narrativas daquela publicação. A leitura da obra revelou um texto que concilia a um só tempo elementos que se agrupam em relações dicotômicas e maniqueístas na cultura ocidental, em que estejam o elemento racional e sua pretensão de verdade no lado positivo das relações de contrários. Portanto, objetivou-se compreender como os tipos sociais aludidos contribuem para a dissolução das fronteiras culturais por meio da construção do personagem, discurso e imagens que emergem deste. Para isso, leu-se a novela a partir do conceito de escritura, pensado por Roland Barthes, que concebe a literatura moderna enquanto espaço utópico de liberdade dentro dos fatos da linguagem. Estabeleceram-se comparações intertextuais e metatextuais a fim de relacionar referências que justificariam as escolhas literárias do escritor mineiro no intuito de pensar novos sentidos para o texto em discussão. Feito isso, percebeu-se que a loucura e a oralidade, compreendidas respectivamente por Michel Foucault e Paul Zumthor, são elementos que questionam a metafísica ocidental desde a própria forma, tal qual a escritura rosiana, cuja análise alude às ideias de pensadores como Friedrich Nietzsche e Gilles Deleuze e Félix Guattari.
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