Riobaldo, durante três dias, narra a um misterioso ouvinte suas memórias pontilhadas de inquietações. Possivelmente o próprio Guimarães Rosa, que, como Hitchcock, inseria-se às vezes, por diversão, nas histórias. O relato de Grandes Sertões: Veredas, aparentemente confuso, é uma travessia pelo caráter ambíguo do homem, traço barroco na literatura de Rosa. Riobaldo – ele mesmo Guimarães Rosa, um pouco – transforma sua vivência individual na experiência humana universal (“o sertão é o mundo”). Se o sertão é o mundo, se o jagunço é o sertão, se o sertão está em todo lugar, como diz Riobaldo, portanto o jagunço não é somente o homem de Minas, mas o homem do mundo. Em suma, o homem é o mundo. Guimarães Rosa conseguiu conjugar os conflitos do ser humano, projetando a busca do sertanejo para fazê-lo conquistar dimensão universal. Em síntese, escancarando as dúvidas e
certezas do habitante do sertão das Gerais, o escritor acaba mostrando que o homem é o homem, mesmo igual, assinzinho mesmo, no sertão de Minas ou em qualquer outro lugar do mundo.
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