Como a escrita “barroca” de Guimarães Rosa transparece no seu livro de contos Tutameia, publicado originalmente em 1967 no Brasil, retrabalhada para o francês pelo tradutor Jacques Thiériot? Neste artigo, examino os mecanismos e desafios estilísticos da tradução francesa de vários contos do livro Toutaméia, publicado pela editora Seuil em 1994.
Riobaldo, durante três dias, narra a um misterioso ouvinte suas memórias pontilhadas de inquietações. Possivelmente o próprio Guimarães Rosa, que, como Hitchcock, inseria-se às vezes, por diversão, nas histórias. O relato de Grandes Sertões: Veredas, aparentemente confuso, é uma travessia pelo caráter ambíguo do homem, traço barroco na literatura de Rosa. Riobaldo – ele mesmo Guimarães Rosa, um pouco – transforma sua vivência individual na experiência humana universal (“o sertão é o mundo”). Se o sertão é o mundo, se o jagunço é o sertão, se o sertão está em todo lugar, como diz Riobaldo, portanto o jagunço não é somente o homem de Minas, mas o homem do mundo. Em suma, o homem é o mundo. Guimarães Rosa conseguiu conjugar os conflitos do ser humano, projetando a busca do sertanejo para fazê-lo conquistar dimensão universal. Em síntese, escancarando as dúvidas e
certezas do habitante do sertão das Gerais, o escritor acaba mostrando que o homem é o homem, mesmo igual, assinzinho mesmo, no sertão de Minas ou em qualquer outro lugar do mundo.
Este texto é um estudo sobre o livro de poemasMagma de Guimarães Rosa, obra que submete à revisão a concepção de poesia. Esta técnica de produção artística representa um querer mimeticamente artístico, um querer poeticamente barroco. O objetivo deste texto é investigar esta escrita de Magma a partir dos estudos de Walter Benjamin, Severo Sarduy e Maria João Cantinho. Buscaremos conhecer a poética de Guimarães a partir desta provocação alegórica à travessia. Entendemos que Magma é o reino do barroco; Produção artística que finca suas raízes na mistura do clássico com o moderno, do erudito com moderno.Magma representa um questionamento risonho sobre a ideia de origem, por que nessa origem se encontra impregnada a ideia de realidade,como poesia procura seu reconhecimento no derretimento desse conceito. Magma uma elaboração poética em que a percepção primitiva do semelhante desenvolve-se, retraçando inexoravelmente a propedêutica elementar da modernidade, sua significação alegórica. Magma nos indica o caminho do verrossímel e mimético pelas metáforas fragmentadas que dão vazam a um discurso poético clarividente. Porém, é no campo da alegorizaçãoque as imagens cadavéricas da poesia barroca encontram espaço para se manifestarem. Aqui se sobrepõe o sentido de metáfora e de alegoria, ou seja, sobre o que é a modernidade barroca, o que instaura nos poemas uma faculdade mimética da percepção. Para este estudo partiremos do conceito de origem e de artebenjaminiano, para com este conceito compreender as alegorias presentes na poesia de Rosa. Os conceitos acima também nos auxiliaram a ler essa poética a partir da ideia barroca de arte, visando conhecer as imagens alegóricas representadas pela água. Esperamos como resultado a construção de uma leitura reflexiva sobre a travessia de Magma no cenário da escrita Roseana, tendo em vista sempre os aspectos alegóricos.Palavras-chave:Magma, barroco, alegoria.