Neste artigo nos propomos a pensar, numa perspectiva transdisciplinar, o fazer literário do escritor João Guimarães Rosa a partir das práticas de curadoria que passaram a prevalecer na década de 1970, nas artes visuais, com a chamada “virada curatorial”. A diluição da fronteira entre o papel do curador e do artista, a importância do uso da técnica de colagem na arte moderna e contemporânea e o caráter ensaístico da escrita crítica são as bases utilizadas para analisar o processo de escrita de Guimarães Rosa e de edição e publicação de seu livro Tutameia. A partir dessa análise, e estabelecendo um diálogo com a exposição Temporama da artista francesa Dominique Gonzalez-Foerster e curadoria de Pablo Leon de la Barra, foi possível concluir que Guimarães Rosa não só exerceu um protagonismo ímpar na edição de seus livros, rasurando as fronteiras dos papéis de autor e editor, como também incorporou a estratégia poética da colagem e o caráter experimental do ensaio no seu processo criativo.