Na circunstância de agora, que exige mudanças de comportamento para tentar minimizar desastres ambientais, parece importante voltar-se para os escritores que resgataram, em suas tramas ficcionais, traços da sabedoria, característica de sociedades arcaicas, no tratamento sustentável da flora, fauna e demais recursos naturais. A leitura de Guimarães Rosa, em cujas estórias sobrevivem
modos de convivência estreita entre humanos, animais, vegetais e outras espécies, vale como resistência às práticas predatórias modernas e como convite à apropriação de vertentes de pensamento alheias ao antropocentrismo.
A história de Maria Mutema concentra e configura, através da reescrita de um exemplum medieval, todo o desenvolvimento da história contada por Riobaldo no Grande Sertão: Veredas. Trata-se de um episódio em que a ética do perdão se abre a reflexões filosóficas atuais.