Este artigo propõe uma análise comparativa de Grande Sertão:Veredas, obra de Guimarães editada em 1956, e O louco do Cati, romance publicado por Dyonelio Machado em 1942 e considerado pelo escritor mineiro como um dos melhores livros de literatura brasileira.
A tradução da obra de Guimarães Rosa tem chamado a atenção da crítica, por revelar aspectos importantes da escrita do autor de Grande Sertão: Veredas, entre eles passagens opacas. As pouco conhecidas traduções holandesas feitas por August Willemsen revelam um tradutor preocupado pela recriação do universo rosiano em toda sua complexidade, dando igual peso à precisão etnográfica e à invenção verbal. Sua análise contribui para um maior entendimento do original brasileiro.
João Guimarães Rosa é visto como renovador da tradição literária iniciada por Cervantes. O ensaio narra a experiência do leitor José Hildebrando Dacanal, para quem o livro Grande Sertão: Veredas constituiu leitura fundamental, do que resultou mais de uma dezena de artigos, numa época em que seus interesses voltavam-se para a história, política e economia internacional.
A história de Maria Mutema concentra e configura, através da reescrita de um exemplum medieval, todo o desenvolvimento da história contada por Riobaldo no Grande Sertão: Veredas. Trata-se de um episódio em que a ética do perdão se abre a reflexões filosóficas atuais.
O estudo focaliza as incongruências e instabilidades com que se constroem os temas da viagem e do amor na novela "Cara-de-bronze", de Urubuquaquá no Pinhém (Corpo de baile). Procura-se demonstrar que, elaborando ambigüidades e promessas de esclarecimentos que nunca chegam, o texto propõe ao leitor o mesmo jogo que envolve as personagens, cuja curiosidade é sempre aguçada em torno do poderoso Cara-de-bronze, agora próximo da morte, desinteres- sado de pragmatismos e poderes e interessado em poesia e suas ?engraçadas bobéias?.
Grande Sertão: Veredas, uma experiência transformada em arte, insere-se na tradição literária do País. A proposta não contempla, pois, interpretar conteúdos de representação na obra de Guimarães Rosa. Ao afirmar que na ficção rosiana a forma produz indeterminação, busca-se neste ensaio especificar o sentido es-tético-político, responsável pelas interações funcionais do autor com o leitor.
O presente trabalho pretende iniciar uma reflexão sobre a importância da multi- plicidade lingüística e do processo de tradução nos escritos de João Guimarães Rosa. Pretende-se apontar para a vocação da obra rosiana para um diálogo multilíngüe entre diversas culturas e literaturas do presente e do passado.
O atual ensaio busca apontar algumas relações entre a primeira obra de Guimarães Rosa, o livro de poemas Magma, e as fontes da poesia popular, particularmente os "cantos da natureza". Junto com isso o ensaio busca lançar algumas hipóteses sobre o modo como Guimarães Rosa introduziu a natureza em sua obra através dos primeiros exemplos em Magma.
Este artigo apresenta os grandes eixos escolhidos para a discussão do Colóquio dos 50 anos de Grande Sertão: Veredas e Corpo de Baile. O problema dos gêneros rosianos (caso, lenda, conto, poema, romance) tem íntima ligação com a tensão entre a particularidade característica e regional do material, de um lado, a ânsia universal e metafísica do outro. No tratamento mítico, Rosa procura transcender a objetividade crítica das análises sociológicas do ensaísmo dos anos 30 e 40 (Holanda, Freyre, Vianna).
Em "Orientação", conto presente em Tutaméia (Terceiras Estórias), de João Guimarães Rosa, constata-se a presença da alteridade, ou melhor, o cruzamento de duas alteridades: o chinês Yao Tsing-Lao e a sertaneja Rita Rola. A paixão correspondida resulta no casamento entre Oriente e Ocidente. Embora o enlace não perdure, o encontro de personagens tão diferentes no que tange ao aspecto físico e comportamental acarreta transformações. Da convivência com o chinês, Rita Rola, gradativamente, torna-se diferente, orientaliza-se.
A arte de Guimarães Rosa faz-se a partir da ?situação narrativa?, definida por Gerard Genette como um dos aspectos do texto narrativo cujos dois protago- nistas são o narrador e o narratário. O narratário é um destinatário imediato do discurso do narrador que interfere no texto de forma, ora mais, ora menos, explícita. Empregando a terminologia de Genette, buscamos realizar uma leitura do conto ?Se eu seria personagem? a fim de perceber qual é a função reservada ao narratário dentro da situação narrativa.
Cosmovisão e juízo do romancista Guimarães Rosa sobre Antônio Conselheiro e Getúlio Vargas na defnição do destino do herói Riobaldo. Interessa-nos, pois, entender o pensamento e a ação artística de um grande autor e não as simpatias ou antipatias de um curioso, bisbilhoteiro das obras alheias. Neste sentido, todos os juízos de valor a respeito das duas personagens históricas e dos fatos correlatos a elas só se referem à visão do romancista e não à do crítico.