O trabalho analisa o vínculo entre a melancolia e o devaneio na criação e manutenção do discurso poético em “Buriti”, de Guimarães Rosa, parte da obra Corpo de baile. Através de três personagens centrais – Miguel, Maria Behu e Chefe Zequiel – imprime-se a tonalidade melancólica, que propicia o devaneio e o lamento, associados ao modo de ser introspectivo e sensível. Além do exame das personagens selecionadas, são analisados elementos do espaço e do tempo que, dada a atmosfera noturna do texto, contribuem na disseminação da poeticidade discursiva, alicerçada, portanto, no tripé personagens, espaço e tempo. Para o estudo da narrativa como um todo, conta-se com a obra de Wendel Santos sobre “Buriti”, A construção do romance em Guimarães Rosa, seguida da leitura das cartas trocadas entre o escritor e seu tradutor em Correspondência com seu tradutor italiano Edoardo Bizzarri. Para fundamentar a análise dos recursos poéticos, valese de O ser e o tempo da poesia, de Alfredo Bosi e “Em torno da poesia” de Tzvetan Todorov. Para o exame do tempo e do espaço, associados ao devaneio e à melancolia, a contribuição teórica centra-se nas obras A poética do espaço e A poética do devaneio de Gaston Bachelard e As estruturas antropológicas do imaginário de Gilbert Durand. Os resultados da análise confirmam que a poeticidade do discurso da narrativa tem estreita conexão com o modo de ser melancólico, o que o devaneio alimenta e propaga, ad infinitum.
O presente artigo tem por objetivo demonstrar como Guimarães Rosa, no conto Páramo, de Estas Estórias, inaugura uma encenação ficcional da melancolia. O texto rosiano vai sofrendo uma gradual condensação à medida que avança e as ressonâncias melancólicas dessa narrativa funcionam como um rigoroso exercício de subtração da escrita em busca do silêncio, dando sequência às "operações subtrativas" de Tutameia.
O presente trabalho de dissertação busca compreender os mecanismos que presidem a melancolia e suas eventuais influências na criação literária, a partir de um corte na obra do escritor João Guimarães Rosa. Para a sua execução, o texto inicia com um traçado histórico da melancolia desde a Antiguidade, com Hipócrates, passando pela Idade Média e Idade Moderna e, finalmente, convocando a abordagem psicanalítica, em especial através da obra de Sigmund Freud, para, a partir daí, analisar a obra literária do autor, e tentar compreender até onde a melancolia pode ter influenciado ou não na sua produção.