Neste estudo, propõe-se uma discussão sobre a Literatura, enquanto disciplina, sua aplicabilidade nas práticas pedagógicas de professores em sala de aula de Ensino Médio. A título de ilustração, recorre-se aos recortes das leituras das obras: ‘Os sertões’, de Euclides da Cunha; ‘Vidas Secas’, de Graciliano Ramos; e ‘Grande Sertão: veredas’, de João Guimarães Rosa, uma vez que nestes textos, através do “poder da palavra” (GONÇALVES FILHO, 1988/2000), os autores evocam realidades que retratam o cenário de um Brasil marcado pela plurinealidade de formas de linguagem, comportamentos, valores e expressões dos sujeitos frente às adversidades de seu meio. Assim, a literatura possibilita o desenvolvimento da auto-reflexão, a criticidade; o questionamento e elucidação de princípios e regras sociais.
A partir do artigo clássico de Marcel Mauss: Ensaio sobre a Dádiva - Forma e razão da troca nas
sociedades arcaicas, a comunicação propõe discutir possíveis relações de dom e contra-dom na obra de João Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas. O diálogo entre textos científicos a fim de proporcionar uma chave de leitura possível à análise dos estudos literários da produção nacional é trazida à luz nessa apresentação; assim como possibilitar o caminho inverso: apreender satisfatoriamente os dispositivos de estudos das sociedades elegidas com a ajuda do texto literário. Para mais, serão abordados desdobramentos subsequentes do ensaio de Mauss e algumas razões interpretativas acerca da obra de Guimarães Rosa, bem como referências metalinguísticas de outros autores literários. Interdisciplinaridade é utilizada aqui para suscitar novas abordagens interpretativas acerca do passado, e do presente.