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USParties: as diferentes festas da Universidade de São Paulo

CULTURA

Como as festas representam uma expressão cultural feita por e para os alunos

Na última semana, um tema gerou polêmica, no Twitter, entre os estudantes universitários: quão significativas são as festas universitárias para a permanência estudantil? O assunto surgiu por críticas feitas a instituições organizadas pelos alunos, como a Atlética e o Centro Acadêmico. Contra tais comentários, ergueram-se os defensores da organização das festas universitárias, afirmando que estas seriam essenciais para a experiência completa. De um lado, alunos dizem que as entidades são exclusivas para aqueles privilegiados, que não precisam de medidas de permanência para se manterem dentro da faculdade. Por outro lado, outros insistem que, para o próprio movimento estudantil, a ocorrência de festas é muito importante para a ocupação cultural do campus, pois é um ambiente público que deve pertencer aos alunos. Seja ou não uma parcela significativa da permanência estudantil, as festas são essenciais para a vivência dos uspianos – do Vão da FFLCH à Prainha da ECA, do Porão da Química ao Piso da FAU, há sempre um aglomerado prestes a comemorar a vida no campus.

A primeira QiB do ano, realizada em 16/03/2023 [Imagem: Reprodução/Acervo @canilvive]

Grande parte da vivência universitária transpassa as relações criadas entre colegas do mesmo curso, do mesmo instituto ou até mesmo de outros dos tantos que a universidade oferece. Pela grande diversidade de campi, pela extensão espacial e até mesmo pelos horários dos cursos, as festas universitárias podem ser consideradas pontos de encontros que se tornam tradicionais e geram retornos positivos para os participantes.

Cada faculdade possui suas festas tradicionais, ou, por vezes, as atléticas de algumas se juntam para chamar maior atenção do público, como é o caso da ICBIECA, da FEAFAU ou das festas do BIFE e do InterUSP. As festas podem ser pagas, e costumam ser realizadas em espaços fora do campus, mas muitas das mais tradicionais e antigas acontecem dentro da própria universidade, o que é um diferencial principalmente dos campi paulistanos. Isso garante a maior participação dos estudantes porque possuem entrada franca, uma localidade conhecida e os valores dos produtos oferecidos são bem acessíveis.

As festas, muito mais do que apenas um espaço de confraternização, são também grandes oportunidades de contato com demonstrações culturais diferentes e características de cada instituto. Em entrevista ao Jornaleca, Thiago Prado – membro do CANiL, coletivo da ECA responsável, dentre muitas outras coisas, pela organização das famosas QiBs, as “Quinta i Breja”, que ocorrem na prainha da ECA a cada quinze dias – conta que sempre procuram construir, junto com artistas novos, um espaço representativo. Assim, artistas emergentes de todos os institutos, mas em especial da ECA, podem se inscrever e ter a oportunidade de exibir sua arte em proporções que até então não eram possíveis, sejam eles DJs, pintores, dançarinos ou mesmo atores, como foi o caso de uma das QiBs realizada em 2022.

Alunos fazendo sua arte durante uma QiB [Imagem: Reprodução/Acervo @canilvive]

Helen Mendes, também membro do CANiL, comenta sobre a experimentação e diversidade proporcionadas pelas festas: “O nosso foco, quando se tratando de impacto cultural, é dar espaço aos artistas nos quais a gente vê potencial e os quais achamos que podem usar o coletivo como uma espécie de laboratório, um espaço de aprendizagem, e também para impacto na história da prainha”. E não é só na ECA que as festas têm expressão cultural. As festas realizadas no Vão da FFLCH, por exemplo, sempre contam com apresentações de sua bateria universitária, além de artistas emergentes do próprio instituto, afinal, não é só na ECA que tem artistas.

A expressão cultural nas festas vai além de música e arte, se estendendo aos drinks e alimentos servidos, uma vez que cada instituto tem seu drink do coração. Na última festa realizada pelo G(-4) – grupo composto pelas atléticas de Química, Geologia, ICBIÓ (ICB, IO e Biologia) e AAAGW (IF, IAG, IPEN e IEE) – uma bebida inédita foi disponibilizada, o Infrared, criado com o intuito de representar a essência das atléticas da G(-4). A cada festa organizada pelo grupo, um dos outros quatro drinks será apresentado.

A experiência adquirida

As festas universitárias também são palco de oportunidades para os alunos membros de suas organizações. Normalmente produzidas pelas atléticas, essas são a primeira experiência de muitos estudantes com a lógica de trabalho: planejar a quantidade de bebida a ser comprada, escolha do local adequado, produção de artes para a divulgação do evento, sua decoração, a venda dos ingressos e por aí vai. Todas essas atividades costumam ser feitas e pensadas por estudantes de graduação, fomentando não só um ambiente de experiência nas áreas específicas em que atuam, mas também os colocando em contato com valores essenciais no mercado de trabalho, como o senso de responsabilidade e trabalho em equipe.

Além disso, é importante lembrar que, para além de atividades de lazer, as festas também têm fins econômicos muito claros, uma vez que o dinheiro nelas arrecadado, normalmente, destina-se às atléticas e é revertido na manutenção das áreas de vivência e também em materiais para as práticas desportivas, gerando uma cadeia de benefícios aos graduandos.

Alicia Matsuda

Davi Madorra

Julia Alencar

Pedro Morani

Revisão: Julia Alencar e Lara Soares

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