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Nade feito mulher!

Por Natália Isepi

Autor: Pridia

 Beatriz Lima, nadadora da equipe de natação FEA USP, no aquecimento do campeonato Economíadas 2017.

 

Uma das maiores batalhas das mulheres no esporte é ter de enfrentar o falso rótulo de sexo frágil. Por muito tempo elas foram excluídas de diversas atividades consideradas masculinas, seja nas quadras, piscinas ou no trabalho. Aos poucos as mulheres foram conquistando seu espaço em todos os tipos de cenários, provando cada vez mais o que o sexo feminino é capaz.

Nos esportes, ao longo do século XX, a participação feminina foi aos poucos sendo incluída em diferentes modalidades praticadas nos Jogos Olímpicos. A natação passou a incluir mulheres em 1912, sendo que a modalidade se tornou um esporte olímpico em 1896.

Desde então, muitos nomes de destaque começaram a surgir: Maria Lenk, Piedade Coutinho, Patrícia Amorim, Etiene Medeiros… Mas as medalhas femininas na natação vão muito além dos Jogos Olímpicos e Pan-Americanos. O esporte também vem se tornando cada vez mais forte no ambiente universitário.

O número de mulheres que começaram a praticar natação em nome de suas faculdades tem crescido muito. Só na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, a quantidade de atletas femininas triplicou nos últimos 5 anos.

Beatriz Lima (21) é atleta do time de natação da FEA desde fevereiro de 2015. Desde então, Beatriz já participou de diversos campeonatos, conquistando medalhas em diferentes modalidades. Hoje ela é ativa no recrutamento de calouras para o time, incentivando cada vez mais a prática feminina na FEA.

Autor: Pridia

Beatriz se retirando da piscina após participar do revezamento feminino do Economíadas 2017.

 

Beatriz nos recebeu no Centro de Práticas Esportivas da USP, se disponibilizando a responder algumas perguntas sobre a prática da natação feminina.

Natália: Quando você iniciou a sua prática e paixão pela natação?

Beatriz: Eu comecei a nadar muito cedo, com 4 anos. Minha mãe me colocou na natação com o objetivo de eu aprender a me virar na água e fim. Ela não imaginava que eu começaria a gostar tanto do esporte. Conforme fui crescendo, comecei a participar de campeonatos organizados pela escola em que eu praticava. Com 8 anos ganhei a minha primeira medalha: prata nos 25m peito, minha modalidade preferida até hoje. Desde então senti que eu poderia ser capaz de conquistar mais medalhas. Era divertido! Havia muitas baterias em que meninas e meninos competiam juntos. Em várias delas eu ganhei em primeiro lugar, o que me incentivava a querer treinar e me superar cada dia mais.

 

Natália: Quais são as suas maiores conquistas no esporte?

Beatriz: Eu ganhei inúmeras medalhas no clube em que eu treinava, mas não era nada oficial. Foi quando eu entrei para a FEA que comecei a levar o esporte a sério, me tornando de fato uma atleta. Em 2015, conquistei duas medalhas no Campeonato Bixusp, de calouros. No Interusp desse mesmo ano conquistei medalha de prata no revezamento feminino e uma de bronze nos 50m peito. Eu considero essa a minha maior conquista, pois esse campeonato é extremamente forte, tanto na modalidade feminina quanto masculina. Depois disso, participei de diversas outras competições, seja no próprio Interusp, Economíadas ou nos Campeonatos Beneficentes da USP.

 

Natália: Para mulheres, como é o ambiente de natação universitária?

Beatriz: Olha, hoje não vejo mais com maus olhos. Quando entrei não tínhamos mulheres. Conseguíamos fechar um revezamento (4 meninas), mas nem todas conseguiam competir sua modalidade mais forte. Hoje temos 8 meninas, podendo fazer vários mix de revezamento. E isso também acontece nas equipes de outras faculdades! Em relação ao preconceito com o sexo feminino, posso dizer que ainda existe, mas menos do que antigamente. Nas competições os homens costumam fazer alguns comentários machistas, mas sempre tentamos relevar. Nós treinamos 4 vezes por semana com homens. Precisamos trabalhar a união e não segregação.

 

Natália: Qual a sua maior inspiração na natação feminina?

Beatriz: A brasileira que eu mais admiro atualmente é a Etiene Medeiros, que conquistou ouro nos 50m costas nos Jogos Pan-Americanos de 2015. Tenho uma admiração enorme pela Katinka, uma competidora húngara conhecida como “a dama de ferro”. Ela é considerada a atleta mais versátil da natação, entre homens e mulheres.

 

Natália: Recentemente vi que para os Jogos Olímpicos de Tóquio (2020) decidiram incluir a disputa mista entre homens e mulheres na natação. Qual a sua opinião a respeito?

Beatriz: Nossa, eu adorei essa ideia! Eles vão permitir que homes e mulheres possam compor um revezamento. Essa prática vai tornar a competição ainda mais emocionante e acirrada. Mulheres e homens vão poder trabalhar juntos, lado a lado, se ajudando a superar cada dia mais suas dificuldades. Isso vai trazer união e uma maior exposição para as mulheres no esporte.

 

Natália: Como uma atleta destaque da FEA desde 2015, qual conselho você daria para as estudantes que querem seguir com a natação universitária?

Beatriz: Experimentem! Natação é um esporte que permite com que a gente conheça cada vez mais nosso corpo, nossos movimentos. Por lidarmos com tempo, acabamos trabalhando muito o foco, determinação e a técnica. Além disso, existe um fator chave: o bronze! Nós nunca deixamos de estar com a pele dourada! Haha

 

Blog do Jornalismo Esportivo

Autora: Natália Isepi Paula

E-mail para contato: natalia.isepi@gmail.com