Crônicas

Jogada roubada, por Fernanda Oliveira

O ano era 2012 e eu tinha 14 anos. Já treinava futsal com o mesmo time há 3 anos. Éramos invictas no campeonato principal da nossa escola, o Interunidades, onde competíamos com  as outras unidades da nossa escola. Eu estudava na unidade Teodoro e o nosso maior rival era o time da unidade Alphaville.
Na metade do meu quarto ano no time, apareceu uma nova integrante, que não estudava na minha unidade, porém nosso técnico havia permitido que ela treinasse conosco. O nome dela era Raquel e, apesar de eu conversar com ela pré e pós treinos, eu nunca pensei em perguntar onde ela estudava. A explicação do Jorge, nosso técnico, era que a Raquel morava mais perto da nossa unidade do que da dela e, por isso, havia pedido para acompanhar os nossos treinos. Por esta razão, imaginei que ela estudasse em alguma unidade próxima, mas não tão próxima, como a Pinheiros e a Marquês. A Raquel não era muito boa e as vezes chegava a atrapalhar o andamento dos treinos no começo. Mas depois de 6 meses, já havia melhorado muito, se tornando uma das melhores jogadoras do time.
Quando o quarto ano foi chegando ao fim e o Interunidades se aproximava, fui ficando cada vez mais chateada, por saber que a Raquel não poderia representar nossa unidade e jogar com a gente pelo título.
Enfim chegou o grande dia, Raquel havia mandado uma mensagem de boa sorte para o time e isso nos deixou muito feliz. Começando ganhando com facilidade dos primeiros times do nosso chaveamento. Jogamos contra o time de pinheiros e nada da Raquel, assim como no time da Marques. Chegamos a final contra a Alphaville e eu já estava certa de que ela havia desistido de jogar por outra unidade, por já se considerar do nosso time.
Foi quando a vi entrando no ginásio com o uniforme da Alphaville e com a faixa de capitã no braço. Meu time ficou enfurecido, não só com ela, mas também com o Jorge, por permitir que ela treinasse conosco e soubesse todas as nossas jogadas. O jogo foi emocionante para quem viu, mas no fim, com uma jogada clássica do nosso time, Raquel fez a assistência no segundo pau e a Alphaville levou o título por 3×2….
Raquel parou de atender aos nossos treinos e nunca mais a vimos nas competições. Recentemente, ouvi dizer que ela está treinando nos Estados Unidos e tem potencial para se tornar uma excelente jogadores profissional. Apesar da dura derrota, hoje em dia, fico feliz de ter treinado ao lado dela. Espero que algum dia eu possa a ver jogar com uma camisa que ambas vestimos com orgulho, a da Seleção Brasileira.
Por Fernanda Okano de Oliveira