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Portuguesa de Desportos sobrevive e chega aos 100 anos

Por Edwaldo Costa

Fundada em 14 de agosto de 1920 por integrantes da comunidade portuguesa radicada em São Paulo, a Associação Portuguesa de Desportos, ou Lusa, completa nesta sexta-feira 100 anos.

Para quem é do interior de São Paulo e gosta de futebol, lembra-se do time logo que entra na Capital e pega a Marginal Tietê, pois o Estádio Dr. Oswaldo Teixeira Duarte, conhecido como Canindé, está localizado ali, na Zona Norte.

E quando se fala em Canindé lembramos automaticamente da Portuguesa, do super time da Lusa, que quase conquistou o Brasil em 1996, quando decidiu o título do Brasileirão com o Grêmio, da Torcida Organizada Leões da Fabulosa e também do Dener, eterno camisa 10, que tinha jogadas geniais, semelhantes às de Pelé, e dribles desconcertantes. Infelizmente o atleta teve seus sonhos interrompidos por um desastre automobilístico na Lagoa Rodrigo de Freitas, em 19 de abril de 1994.

A Portuguesa já foi considerada o quinto maior clube paulista e, dos anos 1930 aos 1990, montou excelentes times, ganhando títulos estaduais, interestaduais e internacionais. Foi três vezes campeã paulista (1935, 1936 e 1973), duas vezes do Torneio Rio-São Paulo (1952 e 1955) e conquistou o título da Série B do Brasileirão de 2011, além do vice-campeonato da Série A nacional em 1996 e foi campeã paulista da Série A2 em 2007 e 2013. Nos torneios internacionais, ganhou o Troféu San Isidro (Espanha), em 1951, o Torneio Quadrangular de Istambul, em 1972, e o Torneio Internacional do Canindé (Torneio dos Refletores), em 1981.

Crédito: Arquivo/Portuguesa

Foram inúmeros os atletas que se destacaram no time do Canindé, entre eles o goleiro Félix, do Tricampeonato Mundial da Seleção Brasileira, o Djalma Santos, o Hermínio, o Capitão, o Zé Roberto, o Brandãozinho, o Denner, o Julinho, o Enéas, o Pinga e o Ivair. Ah, lembro também do Flávio Guarujá, que jogou no meu time de coração, o Araçatuba. Ele fazia a diretoria da AEA pagar um quarto ao morador de rua que estivesse próximo do hotel/concentração. Ele dizia que a intenção era dar pelo menos um dia de dignidade para aquela pessoa.

Atualmente a Lusa vive distante dos tempos de glória, a sede social está praticamente abandonada, está sem divisão no campeonato nacional e a dívida do clube gira em torno de R$ 400 milhões.

Sem praticamente ter o que comemorar neste centenário, a Portuguesa ainda ruge – como o seu mascote leão, seguindo o lema do hino do clube que é “Vamos à luta, ó, campeões”, desmente boatos de falência e se orgulha de, em plena pandemia, estar com o salário dos atletas em dia, não ter dispensado funcionários e estar classificado dentro do G8, na Série A2 do Campeonato Paulista.

Esperamos que a Associação Portuguesa de Desportos vire o jogo e volte a conquistar no campo o direito de retornar à elite do futebol Paulista.

Edwaldo Costa possui pós-doutorado pela ECA-USP e atualmente é jornalista do Centro de Comunicação Social da Marinha do Brasil