EntrevistasReportagens

Sofia Zizza e o Circo!

Jovem, filha de professora de circo, que seguiu a paixão dos pais por artes e esportes

 

* Isabella Gargano e Miriã Gama

 

Ele [circo] é uma forma de expressão, é um jeito que eu consigo me expressar artisticamente, além de ser algo que me faz superar desafios. (Sofia Zizza, circense.)

 

“Senhoras e senhores, vai começar o espetáculo!”. Luzes acesas, confetes para o ar e a magia em cima do picadeiro se inicia. O famoso circo está presente nas lembranças de boa parte da população brasileira, sendo conhecido por dar asas à imaginação e a alegria com suas apresentações mirabolantes. Mas, além de uma manifestação artística e cultural, o circo pode ser classificado como uma atividade física.

Desde sua essência, esse tipo de companhia sempre mesclou em seus espetáculos elementos de esportes como a ginástica. As modalidades de acrobacias de solo e acrobacias aéreas, por exemplo, se assemelham em alguns pontos e manobras àquilo que é praticado pelas grandes ginásticas, com um nível de dificuldade até mesmo maior em alguns movimentos.

Apesar de o nosso imaginário imaginar o circo no formato tradicional – circular, com uma lona listrada, nômade –, ele tem se estendido de outras formas para muitas áreas e espaços. Um exemplo disso é o crescimento da presença da atividade circense em ambientes educativos, sendo utilizado para o desenvolvimento de funções motoras e habilidades esportivas.

Escola de circo em Bauru demonstra a expansão do circo para além do picadeiro,  promovendo eventos de teatro em SESI e também oficinas de atividades circenses em escolas e empresas. [Imagem/Instagram @casadocirco]
Falado do circo, é hora de falar da circense. Sofia Zizza, de 20 anos, relata que sempre esteve em contato com essa modalidade, apesar de não vir de uma família tradicionalmente circense. Mesmo que seus pais não vivessem como artistas itinerantes, ambos sempre trabalharam em contato com o circo, atuando principalmente na atividade circense relacionada a presença em escolas e academias. Crescer com o circo, a levou a amar o circo.

Circo Aéreo

Zizza começou a treinar aos 6 anos de idade, iniciou sua jornada no coletivo de artes Casa 345, no qual seus tios são responsáveis por gerir as aulas de música ofertadas, e na área do circo a responsável também é uma amiga da família.

O local onde teve o contato inicial com o universo circense teve forte influência em seu desenvolvimento artístico e esportivo, “o lugar que eu fiz aula me direcionou, por sempre a gente focar mais na parte dos aéreos que são os instrumentos que ficam pendurados como o tecido, a Lira o trapézio e nunca ter muito contato com as outras acrobacias de solo ou malabares”.

O tecido acrobático, especialidade da jovem, é uma modalidade antiga que foi se adaptando ao longo do tempo, uma atividade que mistura habilidades de força e graciosidade nas acrobacias. [Imagem/Instagram @sofiazizza]
No Brasil o tecido  utilizado normalmente é o ligante de poliamida, mas pode variar, tendo como critério para selecionar qual será utilizado, resistência ao impacto dos movimentos assim como o local no qual o pendura.  Os formatos que podem ser dispostos são variados, mas os mais comuns são o Tecido Liso( preso pelo meio, com duas pontas soltas) e o Tecido Gota ( preso pelas pontas com o meio livre).

A vida é um grande circo

Para Sofia a atividade sempre foi um hobby, fazendo aula 1 vez por semana  com exceção de um período, “durante um tempo eu fiz na Fábrica de Cultura e lá os treinos eram bem pesados, duravam três horas duas vezes por semana, eu tinha 12 anos, e aí eu percebi que eu não aguentava muito e saí de lá”.

A jovem  ainda relata que para que se tenha um desenvolvimento sério é necessário que haja dedicação e prática, o que demanda tempo, e que apesar de gostar muito do circo não é a sua prioridade. O tem como uma forma de desestressar e se expressar, e espera que possa continuar exercendo a modalidade conforme os anos e as novas responsabilidades da vida adulta surgirem.

Viver do esporte e da Arte no Brasil pode ser algo instável, no caso de Zizza que cresceu vendo seus pais envolvidos em projetos artísticos e dando aula disso, sempre soube que não queria seguir os passos de seus genitores.”Eu sempre soube que eu não queria isso pra minha vida, para mim as coisas tinham que funcionar de outro jeito, sempre foi um hobby,uma atividade física e uma forma de expressão, mas nunca uma vontade de trabalhar com isso”.

Mesmo não sendo integrante de um circo familiar e itinerante, Sofia afirma que essa prática constitui um legado para si. A tradição que veio pela influência dos pais e criou raízes em sua própria vida, sendo um hobby mas indo para além disso. Para Sofia, o circo também é uma forma de se expressar e enfrentar e superar desafios.

 

FOTO DA CAPA: Sofia em apresentação de tecido acrobático em novembro de 2023[Imagem/Arquivo Pessoal Lívia Uchoa]

* Isabella Gargano e Miriã Gama são alunas da disciplina Jornalismo Esportivo: a pauta além do futebol na ECA-USP