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Boleiros 2: Vencedores e Vencidos de Ugo Giorgetti

 

“Boleiros 2: Vencedores e Vencidos” é um filme brasileiro de 2006 dirigido por Ugo Giorgetti. Esse filme é continuação do filme de 1998, “Boleiros: Era uma Vez o Futebol…”, também dirigido por Ugo Giorgetti.

Não dá para negar que o brasileiro adora discutir sobre futebol, ainda mais se for numa mesa de bar. O bar do Aurélio, que é o principal contexto do filme, parecia estar com os dias contados. Porém, Aurélio consegue um importantíssimo sócio para a reforma impedindo o seu fechamento. E é nesse ambiente que a maior parte do filme acontece, no reinaugurado Bar do Aurélio

Desde o início, o filme retrata a crítica e o descontentamento de ex-jogadores com a reinauguração do Bar do Aurélio. A reinauguração em si não era o motim, mas a modernização e a perda das características de um dos locais mais apreciados por esses renomados jogadores. Pois o Bar do Aurélio virava um verdadeiro palco para as grandes histórias e lembranças deles.

O sócio de Aurélio é uma figura muito especial, o craque de futebol Marquinhos. Marquinhos era um jogador pentacampeão que fez muito sucesso em Roma e a reinauguração do estabelecimento é seu primeiro retorno ao Brasil. Além das histórias dos boleiros, o filme gira em torno desse jogador de futebol que, apesar de ser um grande sucesso, é manipulado pelo empresário Lauro. Marquinhos também tem um filho com uma “Maria-chuteira”, que vive pedindo aumento na pensão alimentícia.

No dia da reinauguração do bar, não precisou de esforço para surgir uma multidão de pessoas, entre elas fãs, jornalistas, mulheres, todos atraídos pela presença do jogador. Marquinhos e o empresário Lauro, ao atenderem os fãs, sorriem e fingem que estão bem, quando na verdade encobrem histórias não tão felizes e talvez não muito corretas. Essas histórias incluem familiares na prisão e filhos bastardos. Em contrapartida, a alegria é o que mais interessa para os fãs que estão ali para ficar ao lado do ídolo Marquinhos.

Como dito anteriormente, um ponto importante que Ugo Giorgetti trata no filme é a questão da memória, pois o bar do Aurélio passou por uma reforma pressionada pela modernização, que de alguma forma não preservou o ambiente e suas lembranças. E mais, ele fala que não é só o bar que ganhou uma decoração artificial, mas o mundo também. O principal inconformado com a transformação do ambiente era Naldinho, um dos frequentadores mais antigos do estabelecimento, mas, ao lado dos velhos amigos, continua indo ao bar para jogar conversar e relembrar histórias do passado.

Ugo Giorgetti ainda critica os novos tempos de uma forma geral, que de alguma forma são tomados por jogadores mimados e influenciados pela mídia, fãs exagerados e acordos muitas vezes ilegais de transferência de clubes, contratos, entre outros, em contraposição a décadas passadas.

O cineasta também não se esquece de ser crítico em relação a visões preconceituosas do técnico Edil, inconformado ao se deparar com uma mulher trabalhando como árbitra de uma partida importante de futebol.

O filme reúne diversas situações que representam a busca pelo passado e presente num único ambiente, o Bar do Aurélio. Porém o recurso utilizado para contar as histórias fica um pouco repetitivo. Ugo Giorgetti aproveita os “causos” reunidos em Boleiros 2: Vencedores e Vencidos, para fazer mais uma crítica. Dessa vez, do contraste de São Paulo, passando por áreas decadentes e periféricas e áreas luxuosas como Alphaville. Além disso, o desprezo dos jornalistas pelos boleiros das antigas é ressaltado de maneira bem explícita.

(por Gabriela Soriano)