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Peculiaridades de um esporte praiano

Foto: Adrees Latif/REUTERS

Ágatha Bednarczuk (brasileira) e Laura Ludwig (alemã) disputando a final do vôlei de praia nas olimpíadas do Rio.

Giovanni Barone Vieira Ardito

O voleibol de praia é um esporte que tem muitas semelhanças com o vôlei de quadra. Por exemplo, o objetivo do jogo é bater a bola por cima da rede, para que ela caia no campo adversário, cada time pode dar apenas três toques na bola, é um jogo dividido em sets, entre outras. Mas essa modalidade também possui suas peculiaridades específicas. As principais são: o jogo é praticado na areia, os times são compostos por apenas dois elementos, não há substituições e o sistema de sets consiste em um melhor de três, sendo que para vencer os dois primeiros é necessário alcançar vinte e um pontos e, se o jogo chegar ao tie-break (terceiro set), a equipe que alcançar quinze pontos será a vencedora. Tudo isso combinado gera um esporte cheio de emoção e que faz parte dos jogos olímpicos desde 1996.

No Brasil, essa modalidade conquista o coração de muitos que costumam passar bastante tempo na praia e acabam praticando o esporte por lazer. Esse é o caso de Marcus Vinicius Falci, auxiliar técnico do time de voleibol feminino da FEA-USP, que hoje tem 23 anos, mas sua paixão por vôlei vem de muito antes. Marcus contou alguns relatos de seu trajeto nessa modalidade e comentou quais são as peculiaridades notadas por quem pratica esse esporte. Segue parte da entrevista:

BJE: Como e quando você teve seu primeiro contato com o vôlei de praia?

Marcus Vinicius Falci: A primeira vez que joguei uma partida de fato – não apenas ficar batendo bola- eu tinha uns 12 anos. Via meu pai jogando com os amigos sempre que íamos a praia e, eu que já gostava muito de vôlei, peguei interesse por esse hobbie. Desde então, nunca esqueço minha bola quando desço para o litoral.

BJE: Quando você joga vôlei de praia, comparando com vôlei de quadra, quais são as diferenças que você sente?

Marcus Vinicius Falci: O vôlei indoor causa muito mais impacto nos joelhos e nas articulações, sendo mais pesado de jogar. Já o vôlei de praia é mais lento, pois devido ao fato da areia ser fofa, fica mais difícil de se locomover e de saltar. Sendo assim, é necessário fazer um treinamento condicional mais forte para aguentar a diferença na areia.

BJE: O que mais te atrapalha quando você joga vôlei de praia?

Marcus Vinicius Falci: Com certeza a visibilidade. Como o jogo é praticado a céu aberto, a visão é muito comprometida. Primeiro tem o sol, que mesmo usando óculos de sol, incomoda bastante. Além disso, perdemos as referencias que ajudam a se localizar na quadra. Por fim, é preciso tomar muito cuidado para não entrar areia no olho, problema que ocorre frequentemente e atrapalha o jogo.

BJE: Você acredita que seja fácil de jogar essa modalidade?

Marcus Vinicius Falci: Sendo bem direto não, não é fácil. Para praticar qualquer tipo de vôlei é preciso ter muita destreza e coordenação motora. São frações de segundos para decidir como você vai tocar na bola e qual direção você vai dar pra ela. Também é necessário um entendimento muito bom de timing. As pessoas não estão acostumadas com isso. Além disso, o vôlei de praia possui mais um agravante: como é em dupla, é necessário ter uma conexão muito forte com seu parceiro, se não o jogo não flui. Mas claro que não é impossível. A prática leva a perfeição.

BJE: Que dica você daria para uma pessoa que queira iniciar a prática desse esporte?

Marcus Vinicius Falci: É legal começar o quanto antes para aprender logo noções espaciais e corporais. Além disso, procurar um bom coach ou uma escolinha bacana é essencial. Aprender com alguém que não sabe tanto pode até te atrapalhar. Também é interessante aprender os fundamentos do voleibol, para poder aplicá-los enquanto joga. Mas o mais importante é de fato gostar do esporte e ter boa vontade para sempre evoluir. É um processo demorado, mas o resultado uma hora vem.

Agradecemos o Marcus profundamente pelo seu tempo.

Qualquer dúvida ou comentário por favor mande um e-mail para: giovanni.ardito@usp.br