A história instrumentada do luthier Hamilton Serrat de Souza
Por Wálace de Jesus*
Em junho de 1969 nasceu Hamilton Serrat de Souza, na Vila Mariana, em São Paulo. Aos dez anos, se mudou com a família para a Estância Turística de Piraju, onde permaneceu até 1986 e retornou a São Paulo. “Fomos mudando. Depois veio Curitiba (PR), Minas Gerais, Mato Grosso, Inglaterra, Nova Zelândia e outros cantos do mundo”, relata.
Atualmente, Hamilton é Luthier, um profissional que é responsável pela confecção e reparação de instrumentos de cordas com caixa de ressonância. Nesta categoria, incluem-se os mais populares: contra-baixo, violino, violão, guitarra, bandolim e alguns outros.
Mas nem sempre atuou no mercado dos instrumentos. “Já trabalhei em um comércio de família durante um período e depois fui trabalhar em um jornal na cidade Alta Floresta, em Mato Grosso”. Foi nesta última experiência que Serrat teve a oportunidade de entrevistar uma fonte que construía instrumentos. “Como tocava alguns instrumentos e também fazia trabalhos manuais, foi imediato me apaixonar pelo ofício da luteria”, revelou.
O Luthier também ingressou em cinco cursos superiores, porém não concluiu nenhum. Ele se aproximou das áreas de Arquitetura, Marketing, Jornalismo, Biologia e da Luteria. Mesmo com o curso de luteria não concluído, foi nessa área que Hamilton se dedicou de forma autodidata. “Pedi demissão do jornal e voltei para São Paulo para procurar quem me ensinasse a construir instrumentos à nível profissional”.
Foi no distrito de São Francisco Xavier, em São José dos Campos, na região do Vale do Paraíba, que Serrat encontrou Célio França, que o ensinou algumas técnicas e compartilhou conhecimentos acerca da luteria. “Desde então, sigo aprendendo por conta própria, com meus erros e acertos”.
Em 2004, Hamilton se lançou como profissional que constrói instrumentos: o Luthier. Desde então, encontrou momentos de glória em sua carreira. “Entre 2005 e 2006 viajei à Nova Zelândia como Luthier, músico e arranjador. Consegui o green card pelo meu trabalho”, exemplifica. Em contrapartida, nessa jornada que já contabiliza 15 anos, ele também relata que passou por muitos hiatos na profissão. “Quando voltei à Piraju, em 2013, passei por um hiato de 5 anos na profissão, já que passei a restaurar minha casa e isso me custou muito tempo e dedicação”.
Instrumentos, matéria-prima e rentabilidade da profissão
Como autodidata, Hamilton absorveu muitas técnicas por meio da tentativa e do erro, e foi agregando os conhecimentos adquiridos durante suas viagens como profissional. Após alguns intervalos, Hamilton voltou a construir instrumentos em 2018.
Hoje, os principais que o profissional monta são “o violão clássico e violão folk (6 e 12 cordas), a viola caipira, o bandolim, o cavaquinho e todos os instrumentos de tampo plano”, descreve.
Na produção desses instrumentos, a matéria-prima principal é madeira reciclada. “Portas, janelas, armários e guarda-roupas podem se transformar em instrumentos musicais, dependendo do tipo de madeira que são construídos”, revela. Já a confecção de instrumentos com madeiras específicas também é outra forma de produção do profissional, que acrescenta substancialmente o valor do produto final, ou seja, o instrumento em si.
A paixão pela profissão ainda o mantém firme como profissional da área. Além da confecção de instrumentos, ele também produz outros trabalhos artesanais (em sua maioria com madeira), e faz reparos, regulação e restauração de instrumentos. “Nessa área é necessário que o tempo ajude no reconhecimento”, finalizou o músico na esperança de reconhecimento.
* Wálace de Jesus é repórter e bolsista do projeto “Registro da Memória e do Turismo na Estância Turística de Piraju: desenvolvimento das habilidades comunicacionais no ensino fundamental I e II” do Programa USP MUNICÍPIOS
Na próxima converse com Hamilton sobre a Ogrolândia. Vamos gostar! Parabéns.
“Quem conta o conto, aumenta um ponto”
Luciano, amando cada vez mais este projeto! Parabéns pela sua realização!!!