Peixe Amarelo

Antigamente, Peixe-amarelo era um cara bacana que roubava fêmea e lambia seu íntimo, diz a lenda que Peixe-amarelo adorava tardes de sol na baia do Judas, banhava-se em noites de lua no Tijuco Preto e abençoado por São Sebastião vestia-se de terno dourado para ir à missa.

Peixe-amarelo tinha imagem que refletia olhar de índio na água.

Ele habitava os vales e sonhava com a piracema e quando subia o rio levava as meninas para botar ovos nas barrancas.

E lá para as bandas da nascente voava. Botando banca.

Nesse tempo seus filhotes nem sonhavam com perigos de eletricidades ou necessidades eletrodomésticas.

Incauto, Peixe-amarelo permitiu que seus filhotes fossem na inauguração da primeira usina, para bater palmas ao presidente americano.

Como castigo, Peixe-amarelo congelou-se em estátua de barro, na entrada de Piraju.

Com o olhar incrédulo de um peixe morto. Em seu último voo.

Publicado originalmente no Instagram da ONG Teyqye’-Pe’

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