Meu Pedacinho de Chão

Eu tinha um sonho, me aposentar, comprar um sítio, lá pras bandas de Timburi, e partir.

Sem computador, rádio, jornal ou televisão. Eu, a amada, o cão e umas galinhas de angola.

Demorou um pouco , mas enfim chegou o meu dia.

Aposentei!

Peguei o FGTS, acrescentei uns rolinhos de notas guardados sob o colchão e um porquinho de moedas. Somei toda a minha fortuna e deu cinco mil. Feliz fui aa imobiliária.

– Moço, tô querendo comprar um sitinho.

– Quantos alqueires, Senhor Carlo? (detesto meu nome soletrado assim sem o “s” no final.)

– Coisinha básica só pra criar uns marrequinhos, respondi.

– E o que mais?

– Longe da cidade, com muito silêncio.

O corretor consultou, consultou, consultou e apresentou.

– Tem um aqui senhor Carlo (não sei porque esse cara não troca essa dentadura) por quinhentos mil.

Vixe! Arriei na cadeira.

– O senhor está bem? Senhor Carlo?

Quase mandei ele tomar no c. (só pensei, mas não falei).

Devia ter falado, amarguei quase uma semana em depressão.

Mas não desisti. Fui procurar Ozamigo, esse é um ponta firme, amicíssimo de infância, e pedi sua chacrinha emprestada.

Ozamigo torceu o nariz, mas concedeu. Se não concedesse, eu mandava ele tomar no c.

Bagagem pronta, que delicia, parti. As galinha (peguei o vício singular do corretor de imóveis) cacarejava aas seis da manhã e depois era aquele silêncio.

Não suportei uma semana. Eu olhava pra amada, a amada olhava pra mim e:…NADA!

De formas que: Ca estou eu de volta para esse bendito Facebook.

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