ISSN 2359-5191

08/11/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 76 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Ciências Biomédicas
Humanos e chimpanzés ficam mais distantes

São Paulo (AUN - USP) - Uma pesquisa realizada no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP descobriu que o material genético humano se comporta de maneira semelhante ao dos macacos rhesus (Macacca mulatta) em relação ao retrovírus endógeno da família K (ERV-K). O estudo sobre a dinâmica populacional do ERV-K foi realizado pela professora Camila Malta Romano, doutoranda do Departamento de Microbiologia do ICB. A pesquisa revela que o espalhamento desse vírus nos cromossomos humanos acontece de modo diferente do que imaginavam os cientistas.

Segundo Paolo Marinho de Andrade Zanotto, orientador de Camila, o mais surpreendente foi descobrir que esse “espalhamento” (assinatura genética) nos humanos é mais próximo dos primatas do gênero Macacca (outro tipo de primata) se comparado ao chimpanzé (Pan troglodytes). Segundo Zannotto, esse fato é objeto de surpresa porque, na escala evolutiva, os humanos foram “separados” dos chimpanzés por “apenas” seis milhões de anos enquanto os macacos rhesus estão distantes mais de 20 milhões de anos.

A explicação, segundo o pesquisador, tem a ver com a dinâmica populacional e geográfica das três espécies. De acordo com Zanotto, as seguidas migrações (e conseqüentes mudanças de ambiente) tanto de humanos como dos rhesus foram “limpando” seu material genético geração após geração. Os chimpanzés, ao contrário, se mantiveram na África Central e, devido à pouca flutuação populacional, mantiveram no material genético essa espécie de retrovírus.

Os estudos sobre o ERV-K indicam que esse tipo de retrovírus “coloniza” os cromossomos dos primatas há aproximadamente 30 milhões de anos. Segundo o professor, mesmo tendo realizado essa “limpeza”, as três espécies ainda possuem muitas cópias íntegras do retrovírus no seu material genético.

Em uma pesquisa anterior, Camila constatou um dado preocupante sobre o retrovírus: apesar de não causarem hoje epidemias, apresentam em seus genomas indícios de conflito com o sistema imune dos primatas ao longo de milhões de anos. Isso poderia provocar uma epidemia como a que ocorreu com o vírus da AIDS (HIV).

Outros estudos revelam, no entanto, que o ERV-K também poderia atuar de forma benéfica. Um exemplo é sua atuação na parte interna do útero (endométrio) durante a gravidez. “Já foi postulado que os retrovírus endógenos podem ter impacto positivo ao causarem imunossupressão, a qual poderia diminuir o conflito gênico e facilitar a nidação do embrião no útero”, descrevem os cientistas.

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