ISSN 2359-5191

08/11/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 76 - Saúde - Escola de Artes, Ciências e Humanidades
Faltam no país políticas públicas para prevenção de quedas de idosos

São Paulo (AUN - USP) - Eliminando-se as mortes por doenças crônicas, como, por exemplo, problemas do coração e câncer, quedas acidentais são o principal fator de mortalidade em idosos. Aproximadamente um em cada três idosos cai ao menos uma vez por ano, enfrentando conseqüências como lesões, perda de mobilidade e independência, e morte prematura. Com o aumento do número de pessoas mais velhas na população, as quedas se tornam um problema de saúde pública cada vez mais relevante. No entanto, faltam no Brasil preparo dos profissionais de saúde para lidar com a questão e políticas públicas preventivas eficientes.

Luis Mochizuki, coordenador do curso de Ciências da Atividade Física da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP e do projeto de pesquisa e extensão à comunidade “Ações para Prevenção de Quedas de Idosos”, fala sobre o problema. Segundo ele, os idosos são mais suscetíveis a quedas do que os mais jovens devido, principalmente, à diminuição do controle do equilíbrio corporal decorrente do processo de envelhecimento. “O controle do equilíbrio é afetado por diferentes condições, como a percepção sensorial da pessoa, a condição do seu corpo e do ambiente em que ela vive”, afirma.

Segundo artigo de Mônica Rodrigues Perracini, professora da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), analisando estudos anteriores, são muitos os fatores de alto risco para queda. Idade igual ou maior que 75 anos, sexo feminino, presença de declínio cognitivo, de inatividade, de fraqueza muscular, histórico de quedas anteriores e de fraturas, dependência na realização de atividades diárias e uso de vários medicamentos ao mesmo tempo, são alguns fatores que tornam o idoso mais propício a cair.

As conseqüências de uma queda podem ser apenas escoriações e machucados simples. Podem acontecer também fraturas (de fêmur e de quadril são bastante comuns), traumatismo craniano e lacerações graves. Porém, um dos problemas mais sérios não é visível como os ferimentos. Muitas vezes, o idoso, ao sofrer queda, deixa de fazer suas atividades normais. Por insegurança e medo de cair novamente, abandona tarefas cotidianas, o que pode induzi-lo ao isolamento social, mas também a uma progressiva fragilização de seu corpo, que pode levar, em última instância, à morte.

Por tudo isso, a prevenção de quedas se torna essencial à manutenção da qualidade de vida dos mais velhos. Luis Mochizuki esclarece que o conceito de “prevenção” em saúde é mais amplo do que nos faz supor o senso comum e é composto de três etapas. A prevenção primária é a que visa propriamente a impedir a queda. “O objetivo é evitar que o controle de equilíbrio do idoso chegue a um ponto que seja incapaz de garantir a estabilidade de seu corpo”, diz o especialista. Nessa fase, entram exercícios físicos e cuidados com a saúde, o corpo e o ambiente em que vive o idoso, com objetivo de reduzir causas e riscos.

“A prevenção secundária é fazer com que as conseqüências da queda não sejam tão ruins assim. Nesta etapa, é fundamental trabalhar a confiança do idoso, para que ele continue a desempenhar suas funções do dia-a-dia”, afirma. Uma medida possível é inseri-lo num programa de atividade física, para que ele tenha um fortalecimento muscular e ósseo e ganhe maior agilidade e equilíbrio. Avaliar sua capacidade visual e a combinação de remédios que ele toma, também são medidas relevantes. O objetivo aqui é minimizar problemas que possam estar afetando a saúde do idoso. Por fim, a reabilitação e a reintegração social são centrais da prevenção terciária.

“No exterior, existe uma série de programas públicos de prevenção de quedas de idosos. No Brasil, há algumas medidas ainda muito tímidas em relação ao estudo e à implementação de programas para prevenção de quedas. Mas ainda não vi medidas preventivas em larga escala em hospitais, centros e postos de saúde com objetivo de avisar, preparar e prevenir as quedas”, afirma Mochizuki. Com o objetivo de tornar o problema mais visível para os idosos e as pessoas que os acompanham, foi criado há cerca de um ano e meio o projeto “Ações para Prevenção de Quedas de Idosos”.

O grupo é coordenado por ele e por Renato de Moraes, também professor da EACH, e conta com bolsistas das graduações em Ciências da Atividade Física e Gerontologia. O projeto acaba de ser aprovado para receber uma verba do Ministério da Educação para atividades de extensão. As atividades de prevenção são realizadas nos entornos do campus da EACH, na Zona Leste, em instituições que trabalham com idosos. São dadas palestras, apresentadas algumas formas de exercício que podem ser realizadas individualmente e é feita uma pequena avaliação dos riscos de cada idoso. “A intenção do nosso projeto de ações para prevenção de quedas é tornar isso uma política pública”, diz Mochikuzi.

Para os idosos, as dicas do professor são as seguintes: em primeiro lugar é preciso ter o hábito de visitar o médico sempre, para ter uma avaliação constante de seu estado de saúde. Em segundo, ele recomenda, para os idosos que forem autorizados por seus médicos, que se inscrevam em programas de atividade física, de preferência praticados coletivamente, mas com atenção individualizada – além de prevenir quedas, eles tornam o idoso mais independente, retomam sua auto-estima e promovem a sociabilidade. Por fim, é preciso tomar cuidados em casa: não deixar pisos soltos, tapetes engruvinhados, animais correndo pela casa e ter apoios que facilitem a movimentação nos lugares necessários são boas medidas para reduzir o risco de cair.

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