São Paulo (AUN - USP) - Eles dificilmente se encontram, raramente se conhecem, mas fazem parte de grupos que começam a preocupar as grandes empresas de informática. As comunidades para o uso e desenvolvimento do software livre já não são raridade em universidades, escolas e nos lares de milhões de internautas mundo afora. Elas lutam para conquistar o usuário.
Essas comunidades possuem ideologias próprias, querem quebrar os paradigmas do mundo da informática e rever o conceito de patentes do universo digital. “Nesses grupos, você faz os códigos, a comunidade os aprova e entrega aos outros usuários”, explica um dos primeiros usuários de Linux no Brasil, o professor do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP), Marcos Gubitoso.
Com isso, o número de falhas sistêmicas diminui, uma vez que o programa passa por revisões múltiplas antes de chegar ao usuário final. “A atualização é quase contínua. Qualquer problema é resolvido com uma rapidez muito maior porque o software é aberto e todos podem trabalhar para a solução de uma determinada falha”, conta.
Se a questão se encerrasse por aí, empresas como Microsoft e Apple não teriam com o que se preocupar. Só que quem desenvolve esses programas não participa dessa atividade para beneficiar apenas a um seleto grupo, mas sim para oferecer uma solução para as pessoas que desejam alternativas digitais. Isso representa uma ameaça à hegemonia das grandes corporações e, como se não bastasse, a maioria deles é gratuito.
Todavia, existe a questão dos direitos autorais. Cada código de um programa, caso ele não seja um software livre, é protegido por leis que restringem seu uso. Muitas vezes, elas são desrespeitadas para que uma nova funcionalidade seja utilizada em outro programa.
Os grandes conglomerados contra-atacam usando códigos com níveis de segurança mais elevados e os re-editando constantemente para evitar o seu uso em outros softwares. “Uma empresa muda os formatos dos arquivos, por exemplo, e os usuários devem correr atrás porque ainda dependem deles porque a maioria das pessoas utiliza programas dessas empresas. De certa forma, companhias como a Microsoft ditam o mercado”, conclui o professor.