ISSN 2359-5191

13/03/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 02 - Sociedade - Instituto de Estudos Brasileiros
Exposição explora o Modernismo sob a ótica de Mário de Andrade
Mostra no IEB-USP está em seus últimos dias e apresenta parte do acervo de modernista

São Paulo (AUN - USP) - “A Arte Moderna pelo olhar de Mário de Andrade”, uma coletânea de pinturas, gravuras, desenhos e esculturas que já pertenceram a Mário de Andrade, está em exposição no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP) entre o período de 2 de janeiro a 15 de março. Todo o material foi comprado em 1968 da coleção particular do escritor modernista.

A exposição conta com um vasto acervo que engloba todo o período do Modernismo Brasileiro, de 1915, passando por obras expostas na Semana de Arte Moderna de 22, até 1945, data da morte de Mário de Andrade. Há esculturas de Victor Brecheret, como Cabeça de Cristo e Vitória; pinturas de Anita Malfatti (como O Japonês, O Homem Amarelo, As Margaridas de Mário), Cândido Portinari (A Colona, Retirantes, Retrato de Mário de Andrade) e Alfredo Volpi (Marinha) ; gravuras de Di Cavalcanti (Cabeça de Homem, Duas Mulheres Sentadas, Mulatas), Tarsila do Amaral (Esboço para Negra), Lasar Segall (A Grávida, Feriado, Duas Mulheres, Aldeia Russa), entre outras.

Apesar de a coleção de Mário de Andrade ser freqüentemente exposta, o conjunto das obras nunca se repete. Fátima Faria Gomes, especialista em conservação e restauro do IEB, conta que sempre há releituras. Cada curador trabalha com uma temática, constrói um caminho com a exposição. Pode-se trabalhar, como é o caso da presente exposição, com a temática cronológica. Na primeira sala encontram-se obras da primeira geração, que vai de 1915, como A estudante Russa, pintura de Anita Malfatti, até os anos 1930, como Rosto Feminino, escultura em terracota de Brecheret. Foi uma fase de ruptura, onde os artistas buscavam originalidade e polêmica. Um bom exemplo é O Homem Amarelo, de Malfatti, que inspirou Oswald de Andrade a escrever um soneto parnasiano, em clara ironia, respondendo às críticas de Monteiro Lobato à Malfatti no famoso artigo Paranóia ou Mistificação? .

Mais adiante encontramos obras representantes da segunda fase do Modernismo brasileiro, que vai de 1930 até os anos 1940. Nessa nova etapa, o universo temático se amplia, trazendo o interesse pelo destino do homem no mundo e pelo cotidiano brasileiro. São desse período as pinturas de Portinari, como Retirantes e A Colona.

Não é a primeira vez que a coleção particular de Mário de Andrade é exposta. A museóloga Marta Rossetti Batista, falecida ano passado, que também já foi diretora do IEB-USP, foi a primeira curadora da coleção. Ela empresta seu nome à sala onde as obras estão sendo expostas e nos contempla, junto à também museóloga Yone Soares de Lima, com dizeres proferidos à ocasião em que era a curadora: “Nessa sala apresenta-se a primeira geração, a dos modernistas, que ocupa a cena principal entre 1917 e 1930; impõe-se na história da arte no Brasil por uma postura de ruptura com a situação artística precedente”, completam Marta e Yone.

Mais do que ilustrar quão inovadora foi a Arte Moderna no Brasil, a exposição resgata toda uma história artística entrelaçada: ao mesmo tempo em que em que Oswald, Brecheret, Tarsila, Malfatti, Di Cavalcanti e outros compartilhavam dos mesmos ideais artísticos e lutavam para o reconhecimento daquele novo tipo de arte no Brasil, eles conviviam e participavam do mesmo círculo social. E isso se reflete no vasto acervo que Mário de Andrade conseguiu reunir ao longo de três décadas. Reuniu não só obras de arte, mas também os ideais, os amigos.

A exposição pode ser visitada gratuitamente na Sala Marta Rossetti Batista - IEB USP e vai até o dia 15 de março. O endereço é Avenida Professor Mello Moraes, travessa 8, nº140. Horário de visitação: de terça a sexta, das 9 às 18 horas. Fins de semana e feriados, das 10 às 16 horas.

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