ISSN 2359-5191

18/07/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 74 - Educação - Pós-Graduação Interunidades em Integração da América Latina
Realidade sócio-cultural ainda é deixada de lado nos estudos da Comunicação

São Paulo (AUN - USP) - Falta conhecimento do próprio campo da comunicação na América Latina. As grandes correntes norte-americanas e européias ainda dominam as salas de aula e grande parte dos estudos relacionados à realidade brasileira ainda são ignorados. A história e os motivos dessa situação foram tema do debate Integração e Conflito: o Papel da Comunicação nas Relações Latino-Americanas, organizado para a comemoração dos 20 anos do Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina (Prolam) da USP. O evento ocorreu recentemente na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA–USP) e foi mediado pela vice-presidente do Prolam, Cremilda Medina.

A mídia em si ainda não é o foco central da maioria das pesquisas no campo da comunicação que está em desenvolvimento na América Latina. Para a diretora suplente da Cátedra Unesco de Comunicação, Maria Cristina Gobbi, que participou do debate, os estudos ainda se encontram focados sob a perspectiva política e econômica. Reflexo direto disso é a imagem negativa da mídia como manipuladora das massas, que várias pessoas têm. Sem dúvida o campo político-econômico e o da comunicação se influenciam, mas é preciso também saber analisar a ambos de acordo com suas próprias funções e características. O sociólogo e integrante do Grupo de Análises de Conjuntura Internacional (Gacint) da USP, Demétrio Magnoli, prossegue a reflexão ao questionar em que sentido existe a América Latina – politicamente e midiaticamente.

Para Magnoli, há um problema de representação e imagem que permeia a ambos os campos. Um exemplo disso é quando um representante do grupo indígena vai à Câmara vestido de índio – ele, em geral, não se veste daquela maneira, mas quando precisa “comunicar” em nome do grupo se caracteriza como integrante do mesmo. Isso reforça a imagem e influência na comunicação e na força política. Nesse sentido, o sociólogo aponta que “a América Latina é o que ela se decidir ser” e lança a indagação sobre qual é o projeto de comunicação da região a partir desse raciocínio.

A estrutura da comunicação na América Latina
O estudo da comunicação latino-americana ainda é razoavelmente novo, teve início entre as décadas de 1960 e 1970 – num período político considerado difícil, grande parte dos países estava sob o comando de governos ditatoriais. Apesar do atraso no desenvolvimento, oriundo das dificuldades do cenário sócio-político, Gobbi diz que “a produção brasileira é uma coisa impressionante”. Uma das peculiaridades da região é o processo inverso de formação de comunicadores em relação aos países tradicionais da Europa e dos Estados Unidos. Na América Latina foram os profissionais que atuavam no mercado os responsáveis por iniciar os estudos no campo da comunicação que, apesar da enorme competência, não tinham preparo para dar aula.

Foi a partir da criação do Centro Internacional de Estudos Superiores de Comunicação para a América Latina (Ciespal) que a comunicação ganhou uma base mais acadêmica. A partir da reunião de 1973, na Costa Rica, os estudos receberam maiores estímulos e a obra começou a se tornar plural. Notou-se que é necessário levar em consideração a cultura e as características de cada país para uma melhor análise e, conseqüente, desenvolvimento da comunicação. O tema foi encerrado com a idéia unânime entre os participantes de que é necessário passar às novas gerações o conhecimento dessas correntes latino-americanas, juntamente com a européia e a norte-americana que já são ensinadas normalmente.

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