São Paulo (AUN - USP) - O termo “arte ambiental” não é novo, incorporado ao vocabulário dos críticos na década de 1970, designa obras que visam interagir com a natureza, a realidade contemporânea e a tecnologia; no entanto, por constituir um campo rico em possibilidades de criação, é constantemente atualizado e merece destaque em exposições e eventos. O congresso “Metáforas da Rua”, organizado pelo Museu de Arte Contemporânea (MAC) e a Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), recentemente, foi um espaço para a exposição do tema e apresentação de projetos ambientalmente engajados.
Na ocasião, a educação foi apontada como ferramenta fundamental na luta pela conscientização sobre a preservação da natureza. Nesse sentido, o arquiteto, artista plástico e professor do Programa Interunidades em Estética e História da Arte (PGEHA) da USP Luiz Antonio Cesário expôs o projeto do “Marco Zero Ecológico”, que será construído sobre uma “península” do lago do Jardim Botânico de São Paulo e visa interação com o público infantil.
A obra, que já foi aprovada pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, será composta por um mapa não convencional do Brasil - já que não levará em conta as fronteiras políticas do país, mas as ecológicas -, sobre o qual as crianças poderão caminhar. Este mapa será envolvido por uma grande escultura, cuja sombra servirá como relógio solar, marcando as horas no solo.Todos os materiais utilizados serão biodegradáveis e provenientes de reciclagem. Segundo Cesário, o objetivo do projeto é criar um ambiente lúdico “onde as crianças irão aprender e interagir com as questões ambientais da América do Sul”.
Educação e interação também são as prioridades do trabalho da artista plástica e educadora Teresinha Chiri Braz, que se dedica não apenas à criação estética, mas dos próprios materiais com os quais trabalha. “O objetivo é que o espectador se integre às obras, confeccionadas com materiais naturais, de maneira que reflita sobre o meio ambiente”, aponta a artista.
O manejo com elementos da natureza começou em seu estudo de Mestrado, para o qual utilizou madeiras brasileiras, que foram prensadas sobre papéis para colori-los com os tons de suas seivas. Interessada no trabalho com papel, Teresinha passou a mesclá-lo com elementos magnéticos, proporcionando interessantes possibilidades de interação com o público, que pode mover e reorganizar as peças das obras.
Entusiasmada com os resultados, a artista decidiu dedicar um ano de estudos no Instituto de Física da USP para desenvolver seu próprio material, o “papel magnético”. Misturando papel e ferrite, confeccionou chapas maciças capazes de atrair metais, que foram utilizadas em esculturas e instalações “sempre à mão do espectador”.
Além do papel, Teresinha trabalhou com o látex para criar a série “Vestígios de uma mata em extinção”, de evidente impacto sobre a consciência ambiental. O projeto reúne tiras de látex maleáveis prensadas sobre madeiras entalhadas, de modo a acentuar seus sulcos originais. “Senti a necessidade de guardar a memória dessas madeiras”, conta a artista, que apresentou esse pedaço da memória ecológica brasileira em Brasília e na França.
Seguindo a linha de trabalho com o látex, Teresinha criou a série “Abrigo de emoções”, que mostra expressões faciais “abrigadas” pelo material. Atualmente, essa obra se encontra em exposição no Museu Bispo do Rosário, no Rio de Janeiro.