ISSN 2359-5191

05/11/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 119 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
A Morte da Distância
IPT recebe palestrante do outro lado do mundo para falar sobre globalização

São Paulo (AUN - USP) - “Quando trabalhava no campo, sempre me perguntava por que algumas pessoas têm dinheiro e outras não. Eu sempre respondia que era sorte, o lugar em que tinha nascido” Controlando slides que ia rabiscando através de seu laptop o palestrante continuou, utilizando a figura de uma espécie de relevo estilizado no qual pontiagudas montanhas se intercalavam com vales abruptos. Enquanto circulava o pico da montanha mais alta e depois do vale mais baixo fez a pergunta. “Por que uma pessoa que nasce em Chicago...Ganha dez vezes mais do que uma pessoa que nasce em Hong Kong?”. Para Mitchel M. Tseng, nascer em uma área mais elevada, ou seja, do mundo desenvolvido, automaticamente dá o direito de ganhar mais do que uma pessoa que nasce numa área menos elevada. Segundo seu raciocínio, no entanto, esse fato estabelecido tem mudado. Ele ressalta que o planeta ainda não é plano, mas pessoas e empresas aptas a realizar o mesmo trabalho ou fornecer o mesmo produto estão competindo num nível cada vez mais igualitário. Tseg comemora. “os produtos mudaram de Made in [feitos em] Hong Kong para Made by [feitos por] Hong Kong”.

Mitchel M.Tseng é diretor do Instituto de Manufatura Avançada da Faculdade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong apresentou dia 16/10 no IPT, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, sua palestra Creating Value For a Flatter World. O tema foi a globalização. Por cerca de duas horas falou do fenômeno chamado de “achatamento do mundo”, numa tradução livre. Deu ênfase à China, mais especificamente ao sucesso da ilha de Hong Kong, ex-colônia que hoje ultrapassa em 10% a renda da Inglaterra, sua antiga metrópole.

Um dos fatores aos quais credita a mudança é a diminuição da importância da localização. Cita o caso da empresa Taco Bell, rede de fast food dos Estados Unidos. O desenvolvimento e a queda de custos das telecomunicações trouxeram uma inovação surpreendente no atendimento. Quando um motorista faz um pedido no drive-thru, é bem provável que sua encomenda esteja sendo anotada por um trabalhador a quilômetros de distância, sentado num cubículo com um telefone. A Índia, que tem o inglês como uma das línguas oficiais, tem chamado a atenção ao fornecer mão-de-obra para empresas do outro lado do mundo. “Nós reconhecemos que estamos num mesmo planeta, então os preços ficam equalizados” diz Tseng.

O barateamento do transporte também contribui para a mudança que o mundo tem vivido. Hoje, trabalhadores da China podem produzir para compradores de mercados do outro lado do mundo pois o custo do transporte ficou muito mais barato, contribuindo menos para o preço do produto.

Para Tseng, outro fator de pouca importância no preço do produto é o gasto com salários. Julga uma injustiça creditar o sucesso chinês à mão-de-obra barata de seu país. O investimento maciço em educação que a China tem realizado, os altos gastos com tecnologia, de 2,23% do PIB, a construção de uma infra-estrutura mais complexa. São todos dados que explicam melhor o sucesso do país.

Mas o sucesso da China se deveria, antes de tudo, à forma como repensa a maneira de se produzirem as manufaturas. A habilidade para integrar diferentes setores da produção, se adaptar a interesses dos clientes e até mesmo de modificar o cerne da atuação da empresa são algumas das qualidades que julga necessárias para a sobrevivência num mundo globalizado. Transparência e a abertura para o aproveitamento pleno dos empregados também são marcas de uma empresa preparada.

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