ISSN 2359-5191

28/11/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 134 - Sociedade - Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
A falta de ética no telejornalismo

São Paulo (AUN - USP) -A televisão é o meio de comunicação que mais sofre com as críticas sobre falta de ética no tratamento das informações. Por ser um veículo de resposta imediata, visto que a direção de um programa sabe o que está acontecendo nos outros canais e quais são os índices de audiência da concorrência no momento em que a atração é transmitida, muitas vezes a qualidade da programação é deixada de lado em favor de uma maior aceitação do público.

Em debate realizado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP) puderam ser discutidos temas sobre a forma com que a televisão aborda os fatos. O evento teve a presença de Manuel Chaparro, jornalista e professor aposentado da Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP), Clóvis de Barros, professor doutor da ECA, e Fernando Schweitzer, jornalista e diretor teatral.

Segundo Chaparro, as novas tecnologias modificaram as relações entre a mídia e o público, que hoje se mostra muito mais informado do que antigamente, buscando mais que a simples informação, indo atrás, também, da explicação. Isso acarreta a mudança do formato de veiculação das notícias vinculada à disputa pela audiência, a qual introduz no jornalismo as razões do negócio, o que, por sua vez, dá origem às deformações presentes nas transmissões televisivas.

Um exemplo recente foi a cobertura do seqüestro da jovem Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, como lembrou o jornalista Fernando Schweitzer. Durante as cem horas de cativeiro da garota com seu ex-namorado, as emissoras abriram grandes espaços em seus telejornais, além de alguns links durante a programação, não porque era o fato mais relevante para o público, mas porque os outros canais estavam veiculando imagens ao vivo do ocorrido e estavam sendo bem sucedidos com relação à audiência.

O problema para Clóvis de Barros, no entanto, vai além da esfera econômica, localizando-se no trabalho do jornalista, que, ao chegar jovem e cheio de idéias à redação, é obrigado a se adequar ao modo ágil de captação de pautas. Desta forma, o recém-formado acaba abandonando o pensamento crítico em prol da velocidade jornalística, resultando em uma reprodução pasteurizada de um padrão de notícias que se repete pelos grandes veículos midiáticos.

O sensacionalismo dos telejornais, contudo, não é o grande problema, mas a forma como ele é utilizado. Manuel Chaparro explica que, apesar do discurso já socializado de que tudo que é sensacionalista é mau, esta técnica pode ser usada para chamar a atenção para assuntos importantes. Segundo ele, é tão ruim fazer sensacionalismo para prometer algo que não existe, citando o exemplo dos programas apresentados por José Luiz Datena, que, por vezes, “montam” a notícia, quanto não fazê-lo e acabar escondendo histórias que são de interesse público.

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