São Paulo (AUN - USP) - Sistemas integrados de redes na Internet podem ser aliados na hora de solucionar problemas na fluoretação, essencial para a prevenção da saúde da boca. De acordo com José Antônio Abreu de Oliveira, dentista e especialista na área de saúde pública bucal, a rede para vigilância, que surgiu em 2000, no Encontro dos Municípios Fluminenses para Fluoretação das Águas (EMFFLUOR), é um exemplo de como o trabalho em conjunto pode fazer a diferença quando se trata de saúde pública.
Segundo dentistas, a adição de pequenas doses de flúor nas águas de abastecimento público auxilia a prevenir o aparecimento de cáries. Como conta José Antônio Abreu de Oliveira, a proposta do EMFFLUOR, rede virtual de colaboradores da área de saúde bucal, apareceu em 2000, quando a Internet ainda não era desenvolvida e não havia redes sociais. “Não conhecíamos nada de saúde pública naquela época. O EMFFLUOR era muito mais uma concepção cívica, quase expedicionária”, admite o dentista.
O desconhecimento sobre saúde bucal coletiva nos anos 90 levou profissionais da saúde a se unirem para descobrirem a possibilidade de rede por meio do conceito de caravançarai, em que núcleos formados em cada município - a começar por Varre-Sai no interior no RJ - que se espalhariam. “A ideia é, de fato, baseada nas caravanas do deserto, já que muitos municípios são isolados, sobretudo, pela distância e pela pobreza”, diz.
Na maior parte da área rural do estado do Rio de Janeiro, havia regiões com nenhuma fluoretação nas Estações de Tratamentos de Água (ETAs) e total desconhecimento sobre como proceder para iniciá-la. “A fim de romper esse isolamento, montamos uma equipe e buscamos apoio interno, com colaboradores; externo, com prefeituras de municípios, além da ajuda de especialistas, principalmente da Rede Cedros (Rede para Cooperação em Estudos e Desenvolvimento de Recursos Odontológico para o Setor Saúde)”, afirma o dentista José Antônio Abreu de Oliveira.
Com tanto a apoio, surgiu o I EMFFLUOR EM 2001, que foi se aperfeiçoando ao longo dos anos, ganhando cada vez mais colaboradores e alcançando mais cidades no RJ. “O encontro visa incentivar o intercâmbio entre os coordenadores municipais de saúde bucal, trocar informações, divulgar eventos e promover o debate. Ele foi realmente um salto para reativar um estado parado quanto à luta da fluoretação”, enfatiza José Antônio Abreu de Oliveira.
Segundo ele, redes funcionam e são muito importantes para a vigilância da quantidade de flúor nas águas. “Além disso, o contato com o SISAGUA (Sistema de Informação de Vigilância da Quantidade de Água para Consumo Humano) – embrião de rede de monitoramento do flúor – foi essencial para o desenvolvimento de sistemas de monitoramento de flúor, já que alia qualidade e parceria com o SUS (Sistema Único de Saúde). “Redes são muito importantes. Temos que utilizar ferramentas cada vez mais modernas, já que elas são ideais para trabalhar com municípios pobres e inacessíveis, desde que tenham Internet. Assim, usamos a vigilância da fluoretação não como aporte de repressão, mas sim de gestão”, conclui o especialista.
O objetivo da discussão é propor soluções para o Consenso Técnico Brasileiro sobre Classificação dos Teores de Flúor em Amostras de Água, abordando tópicos como dosagem, monitoramento e tempo de exposição do flúor na água. A palestra de José Antônio Abreu de Oliveira integrou o “Seminário sobre Vigilância da Fluoretação das Águas”, que teve como sede a Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.