ISSN 2359-5191

16/11/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 100 - Meio Ambiente - Instituto de Ciências Biomédicas
Cetesb realiza estudo bacteriológico do Rio Tietê

São Paulo (AUN - USP) - O RioTietê está sendo mapeado com o intuito de descobrir quais bactérias circulam em suas águas. O laboratório dirigido pelo professor Nilton Lincopan, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP está realizando esse trabalho. O objetivo do estudo, encomendado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CESTESB) é descobrir qual o grau de contaminação do principal rio paulistano e se já existem superbactérias em suas águas.

Segundo Lincopan, o rio é um grande depositário de esgoto da cidade. Essa característica o torna um grande receptáculo de organismos provenientes dos mais variados locais. A grande preocupação é que fezes e lixo de hospitais também caiam no rio, levando bactérias que até então eram restritas a esses locais. Os próprios animais que habitam as margens do rio, como as capivaras, ajudam na disseminação de doenças. Isso porque eles são contaminados pelas águas do rio e depois levam as bactérias para parques e locais dentro da cidade através de suas fezes.

A maior preocupação é com alguns tipos de superbactéria, como a “KPC” e a “SPM”, que ainda não alcançaram a comunidade. As superbactérias são bactérias comuns, mas que possuem enzimas que a tornam resistentes aos antibióticos existentes no mercado. Os meios de tratamento são escassos, exigindo a ingestão de dois ou mais tipos de antibióticos. Por esse motivo, é necessário grandes esforços para prevenir que elas alcancem a população como um todo.

Lincopan atenta que muitas vezes pessoas contaminadas com superbactérias não manifestam sintomas, mas se tornam transmissores. Por isso, medidas de higienização em hospitais são muito importantes. Médicos são transportadores em potencial desse tipo de organismo. Lavar as mãos é o método preventivo mais eficaz. O álcool em gel em todas as instâncias do hospital é muito importante.

O professor coordena o Laboratório de Resistência Bacteriana e Alternativas Terapêuticas, que analisa e rastreia a proliferação de bactérias, além de observar os efeitos dos antibióticos. Estudos como esse são realizados freqüentemente pelo laboratório.

Questionado sobre a proliferação da superbactéria “KPC”Lincopan comentou que o surto ocorrido em Brasília no último mês não é pior do que os que já aconteciam em outros locais do país e não foge do previsto. O seu laboratório já havia detectado esse tipo de organismo no Brasil em 2005. O KPC é uma enzima produzida por um gene que é passado por bactérias promíscuas, que interagem com suas semelhantes e transmitem essa característica genética. Microorganismos com essa enzima são resistentes aos últimos antibióticos produzidos, carbapenêmicos. Assim, são responsáveis por alto grau de mortalidade humana. Geralmente, o KPC está associado a Klebsiella pneumoniae, bactéria responsável por infecções hospitalares. Esses primeiros organismos transmissores teriam chegado dos Estados Unidos, provavelmente através de algum médico. Lincopan acredita que a cobertura intensa da mídia sobre esse caso tenha ocorrido porque o surto foi ocasionado em Brasília, cidade que reúne a elite do poder brasileiro.

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