ISSN 2359-5191

16/11/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 100 - Saúde - Instituto de Ciências Biomédicas
Não há perspectivas de novos antibióticos no mercado

São Paulo (AUN - USP) - Não há intenção de indústrias farmacêuticas para produção de novos tipos de antibióticos. É o que afirma Nilton Lincopan, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas da USP. “O desenvolvimento de um novo antimicrobiano é muito caro. Não vale a pena. Hoje, existem bactérias que seriam resistentes a produtos que nem mesmo foram desenvolvidos”, diz ele.

Lincopan conta que há cerca de 30 anos havia aproximadamente 20 empresas de antibióticos. Hoje, são apenas quatro ou cinco. Os investimentos para a produção de um novo produto são muito altos e os riscos muito variados. Além disso, esse tipo de pesquisa demora muito tempo para ser finalizada. “Há o risco de 20 anos depois de iniciado o processo, o medicamento não passar nos testes toxicológicos e se mostrar prejudicial ao ser humano”, exemplifica o pesquisador.

O assunto tem preocupado autoridades desde que as mortes causadas pela superbactéria “KPC” chamaram atenção da mídia. Lincopan conta que já existem vários tipos de superbactéria no Brasil, algumas muito mais mortíferas que a KPC. A Mycobacterium tuberculosis, denominada COM (por causa do gene que possibilita grande resistência a medicamentos) e que causa tubeculose, já alcançou a comunidade há cinco anos “Se o indivíduo for infectado por essa superbactéria, não há o que fazer.”

É por isso que medidas preventivas são essenciais para o combate dessas doenças. O uso constante de álcool em gel e a conscientização para higienização, sobretudo em ambientes hospitalares são as principais armas para combater a disseminação desses novos tipos de patologias.

Em razão da disseminação desses microrganismos e da falta de medicamentos para combatê-los disponíveis, a ANVISA lança projeto para regulamentar a venda de antibióticos, em uma tentativa de prevenir a auto-medicação e a banalização do uso desse tipo de substância. “É um problema dos médicos, da população e da indústria farmacêutica”, comenta Gabriel Padilla, do Laboratório de Genética de Microrganismos.

O uso generalizado de antimicrobianos gera culturas de bactérias mais resistentes. Isso porque, segundo uma teoria fundamental da biologia, os seres vivos reagem às pressões ambientais a que são submetidos. Os antibióticos equivaleriam a essas pressões. Se, por acaso, um antibiótico não matar todas as bactérias existentes, as sobreviventes gerarão linhagens mais fortes. “As bactérias se reproduzem a cada 20 minutos. As mutações são muito frequentes”, diz Lincopan.

Padilla explica que é função dos laboratórios tornar claro para o consumidor quais são os cuidados a serem tomados e quais são os usos adequados para seus produtos. Da mesma forma, os médicos deveriam fazer uma análise profunda da patologia do paciente antes de receitar algum medicamento, sobretudo antibiótico. “As pessoas acabam tomando antibacterianos quando estão sob ataque de vírus”. A auto-medicação é outro hábito que as medidas da ANVISA tendem a reduzir. “Por falta de acesso a um sistema de saúde de qualidade e por razões culturais, as pessoas se habituaram a ingerir antibióticos para as doenças que desenvolvem”. O projeto do governo prevê que o paciente necessite de receita médica para compra de qualquer antibiótico, com posterior apreensão da receita pela farmácia.

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