ISSN 2359-5191

19/12/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 136 - Saúde - Faculdade de Saúde Pública
Debate na FSP discute o Sistema Unificado de Saúde de São Paulo

São Paulo (AUN - USP) - Criado para discutir o Sistema Público de Saúde na cidade, “Lugar e papel das organizações sociais de saúde no SUS da cidade de São Paulo” foi organizado e realizado na Faculdade de Saúde Pública (FSP), no fim de novembro, em parceria com a Associação Paulista de Saúde Pública (APSP).

O debate contou com uma mesa composta por Cícero Rodrigues da Silva (coordenador da Secretaria Executiva do Conselho Municipal de Saúde), Paulo Spina (representante do Fórum Popular de Saúde do Estado de São Paulo), Marco Manfredini (da APSP) e Paulo Capel Narvai, professor da FSP e um dos responsáveis pelo evento.

Com cerca de 100 pessoas na platéia, o debate se iniciou com a fala de Cícero. Em direto contato com usuários do Sistema Unificado de Saúde, o coordenador afirma ouvir queixas diárias. Para ele, um dos maiores problemas da entidade é não ser capaz de atender, à curto prazo, todos aqueles que precisam de atendimento expresso. São muitas, segundo ele, as reclamações de usuários que só conseguem o agendamento de consultas médicas três, quatro meses após a data da solicitação, sobretudo quando são necessárias visitas à especialistas. “Imagine só, São Paulo receber milhares de pessoas de outros países, como na Copa do Mundo, se não somos capazes nem de arrumar a nossa casa e atender aos munícipes conforme suas necessidades”, criticou o coordenador.

Foi lamentada por Narvai durante o evento a ausência de representatividade por parte da atual gestão do governo paulistano. De acordo com o que relatou, diversos convites foram emitidos, inclusive para vereadores que já haviam debatido o tema antes, como Gilberto Natalini, do PV. “Esperamos que nas próximas reuniões a cadeira não fique vazia”, disse Narvai, reiterando a abertura do debate democrático a todos os interessados.

Um dos assuntos mais polêmicos do debate foi a aliança do SUS com as Organizações Sociais de Saúde (OSs), vistas tanto por Cícero quanto por Spina como infladas demais. Dos 70 mil funcionários do SUS na cidade, por exemplo, menos de 30 mil são empregados públicos: todo o resto é terceirizado e responde às OSs. Para Spina, “o problema das parcerias com as OSs é que o objetivo final não é o bem comum do povo sob a proteção do Estado; passa a ser a obtenção de lucro”. A entidade representada por Spina tem em seu site até um abaixo-assinado contra as OSs, vistas como inconstitucionais.

Spina, que trabalha como professor de educação física, criticou também a existência de cotas de atendimento, criadas pela direção de alguns centros de tratamento para aumentar a “produtividade” dos médicos. Finalizando com um exemplo, apontou o caso de um grupo de médicos que se recusou a cumprir sua quantidade mensal de atendimentos. Ao invés disso, estabeleceram a meta de atender a qualquer paciente necessitado em, no máximo, uma semana. “Esse é um objetivo construído a partir da lógica dos usuários, sem uma hierarquização. Essa lógica de hierarquização é ruim para a saúde coletiva do trabalhador e do usuário”, concluiu o professor.

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