ISSN 2359-5191

18/12/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 121 - Meio Ambiente - Instituto de Biociências
Biólogo cria software para estudar comportamento de formigas
Conhecer formigas pode contribuir nas áreas da agricultura e construção civil
Foto: Divulgação

A partir de um software pioneiro de analise de vídeo, informações sobre a divisão de trabalho das formigas saúvas foram descobertas pelo biólogo Marcelo Arruda, em seu mestrado. O pesquisador, além de perceber que o trabalho delas de ir até as folhas, cortá-las e trazê-las de volta para o ninho – chamado de forrageamento – acontece principalmente na parte da noite, também pôde reorganizar a espécie, levando em consideração o regime de trabalho dessa, em dois grupos: um de formigas maiores e outro de menores.

A criação desse software representa uma inovação no estudo do comportamento das formigas. Este tipo de estudo é importante para ajudar na solução de problemas em diversas esferas: como na agricultura – com relação ao controle de pragas –, e também na construção civil, pois edifícios podem rachar ou cair quando feitos sobre sauveiros.

As formigas, quando saem de seu ninho, debaixo da terra, já estão em seu estágio final de crescimento, portanto, não crescem mais. O que Arruda concluiu em sua pesquisa é que as formigas de tamanhos parecidos realizam trabalhos semelhantes em períodos mais próximos do dia.

O trabalho das formigas saúvas

O ninho das saúvas é constituído por um fungo, e o trabalho delas é ir até as folhas, cortá-las e carregar de volta, pois assim, alimentam o fungo, explica Arruda: “Elas comem na verdade o fungo, então as folhas servem de substrato para o crescimento do fungo, na verdade”. Além disso, elas também têm como função separar o lixo – composto por partes do fungo que secam, ou folhas que não são aproveitadas por ele – do ninho.

Na divisão das tarefas, as formigas menores ficam mais perto do ninho e fazem tarefas mais relacionadas ao fungo. Quem participa mais ativamente do forrageamento são as formigas médias. As maiores são chamadas de soldados: “As formigas desta classe ficam andando de um lado para o outro. Elas ficam bastante tempo na trilha, mas não necessariamente cortam e transportam folhas, às vezes ficam só patrulhando”. Curiosamente, não existe nenhuma coordenação central na divisão de trabalho das formigas. Apesar de ter uma formiga rainha por colônia, ela não tem função alguma de coordenação ou execução de trabalho, apenas bota ovos.

Na atividade do forrageamento, as maiores trabalham mais intensamente no começo da noite, para formar a trilha e, após isso, a aparição delas na trilha passa a ser mais eventual. Enquanto as menores da trilha são ativas durante a noite inteira. A partir desses dados que o pesquisador criou os dois grupos.

Para realizar a pesquisa, Arruda montou a seguinte estrutura: em uma caixa era mantida a colônia, dela, saía uma trilha que chegava a uma bandeja com folhas. Na trilha, havia um suporte para uma câmera que realizava a filmagem do forrageamento. Era realizado o controle de umidade e, principalmente de luz, para delimitar as fases clara e escura que simulavam o dia e a noite. Outro mecanismo de controle da pesquisa foi o sorteio de horário de colocar o alimento: “A gente sorteava quando colocar o alimento, porque senão elas podiam antecipar por já conhecer o horário”. Depois de uma semana de adaptação, a pesquisa foi feita durante seis dias de filmagem, nos quais, de cada dez minutos, dois eram filmados.

Software de análise de vídeos

Para obter os dados necessários, o pesquisador teria de contar e medir as formigas que apareciam a cada hora do dia. Como não existia nenhuma ferramenta capaz de fazer isso, com os conhecimentos de programação prévios que tinha, ele criou um software pioneiro que fizesse esse trabalho. Ainda único no Brasil, esse software analisa o vídeo e identifica nele as formigas e outros elementos: “Ele tem mais de uma estratégia: identificar o que está se mexendo e o que é muito diferente da cor do fundo”. A partir dessa separação este consegue medir as formigas e avaliar o movimento delas.

Sobre a interdisciplinaridade, que tornou possível a sua pesquisa, Arruda afirma: “Eu acho que é muito importante, como biólogo, é de muito valor, especialmente no rigor que a gente tem com a medida, que é muito específica e muito difícil de obter”.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br