ISSN 2359-5191

11/02/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 125 - Saúde - Instituto de Ciências Biomédicas
Falta de cadáveres prejudica aprendizado na área de Saúde
Ciências Biomédicas da USP sofre com a falta de adesão ao programa de doação de corpos à ciência
Thelma Parada é responsável pelo programa de doação voluntária de corpos do ICB/USP

O Departamento de Anatomia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP está com dificuldades em receber cadáveres para dissecção mesmo após a criação do programa de doação de corpos à ciência, iniciado em fevereiro deste ano. O material humano para estudo é de grande valor para o Instituto uma vez que ele pode ser utilizado no aprendizado de estudantes de diversas áreas da Saúde.

O departamento - que é responsável por habilitar futuros profissionais da área dos cursos de medicina, odontologia, enfermagem e nutrição, dentre outros - recebeu até o momento apenas doze doações. A doação de corpos à ciência é uma prática simples que não tem nenhum custo para o doador ou sua família. Doar o corpo para estudo científico significa que, após o falecimento do doador, seu cadáver não será enterrado nem cremado mas encaminhado para um instituto de pesquisa onde será utilizado por estudantes e pesquisadores para o exercício da ciência. Para se tornar um doador no ICB, basta preencher alguns documentos e manifestar a decisão a seus familiares para que, no momento do óbito, o Instituto seja comunicado e possa proceder com a coleta do cadáver.

A doação do corpo para o estudo em anatomia não possui nenhuma restrição de idade ou condição física. É possível até mesmo ser um doador de órgãos e também doar seu corpo para dissecção. Nesse caso, os órgãos doados para transplante são retirados logo após a constatação de óbito e o corpo é então doado ao Instituto.

Thelma Parada é a responsável pelo programa de doação voluntária de corpos para estudo em anatomia criado pelo Departamento de Anatomia do ICB/USP. Ela defendeu em sua tese de mestrado uma proposta de desburocratização do processo de doações, que foi mais tarde adotado pela Universidade. Atualmente, a doação voluntária não tem custo algum para o doador e o Instituto é responsável por todos os procedimentos necessários para o transporte do corpo até o laboratório.

Após a doação, o corpo é submetido a técnicas de conservação e somente depois de um cuidadoso preparo feito pelos professores de anatomia o material humano é disponibilizado para os alunos. Thelma explica que muitas vezes estudantes do curso de Medicina não têm a oportunidade de estudar com o material humano: “Alguns alunos se formam sem nunca terem dissecado um corpo. Temos 180 novos alunos de medicina por ano e recebemos pouquíssimas doações, que não suprem a demanda do departamento”. Ela explica que, embora existam outras técnicas de estudo de anatomia, o corpo humano é o único que permite ao aluno observar variedade anatômica. “Com um corpo real, o aluno pode ver que nem sempre aquela artéria passa no mesmo lugar, que nem todo corpo é igual. Além disso, é importante para ele enxergar o todo, observar as diferentes camadas e tecidos”, explica a pesquisadora.

Desde o início do programa até hoje o Instituto recebeu apenas 12 doações. As universidades paulistas de medicina também recebem cadáveres de pessoas que não foram reclamadas pela família no momento da morte, ou seja, declaradas como indigentes. No entanto, o número de indigentes tem diminuído muito nos últimos anos, por conta do avanço das telecomunicações, como conta Thelma. Ela explica que existem outros 35 doadores cadastrados no programa de doações mas que esse número ainda é bastante baixo frente à quantidade de estudantes de graduação e pós-graduação interessados em exercícios de dissecção.


Para se tornar um doador no ICB, basta encaminhar ao Instituto os formulários disponíveis no site (http://www.icb.usp.br/~anat/index.php?option=com_content&view=article&id=16&Itemid=108), após preenchê-los e reconhecer firma em cartório das assinaturas. É imprescindível também comunicar a família da decisão, uma vez que, no momento do óbito, ela será responsável por comunicar o laboratório e garantir que o desejo do doador seja realizado.  

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