Preservar e divulgar o patrimônio geológico da cidade de São Paulo, esse é um dos objetivos da pesquisa realizada pela professora Eliane Del Lama, do Instituto de Geociências. Para tanto, a professora realiza análises com métodos não destrutivos para verificar a sanidade de pedras constituintes dos monumentos de São Paulo. “O objetivo é descobrir as melhores formas de conservação dessas rochas, para que o projeto de restauro possa saber o que está causando esse problema, e também a melhor forma de reparo”, explicou a professora.
A preocupação com a preservação do patrimônio geológico brasileiro é bastante recente e segundo a professora muito aquém do ideal. “No Brasil nunca se preocupou muito com isso, por exemplo, o estado de São Paulo possui a mesma área que a Inglaterra, porém aqui são apenas nove monumentos geológicos reconhecidos enquanto lá são aproximadamente quatro mil. É uma diferença gritante”, disse. Como uma extensão natural desse primeiro projeto de conservação de rochas ela também está trabalhando no desenvolvimento de um roteiro geoturístico para o centro-velho de São Paulo e, novamente, o objetivo seria disponibilizar ao visitante um roteiro pronto para que ele incluísse conhecimentos de geologia enquanto visita os principais pontos de São Paulo: “Na realidade já existem roteiros pela prefeitura, só que com enfoque de arquitetura e história. A ideia é agregar conhecimentos de geologia aos roteiros históricos já criados”.
Segundo a professora, em algumas cidades da Europa como por exemplo em Paris, existe até outro tipo de roteiro geológico, o chamado geoturismo cemiterial, que também poderia ser implantado no Brasil. “No cemitério da Consolação já existe um roteiro, o que queremos é que também nessa visita se inclua conceitos de geociência para ver a variedade de pedras”.
Ainda assim, uma grande barreira hoje para a conservação do patrimônio geológico não só em São Paulo mas também em outras metrópoles brasileiras é o problema social. “Até existe preocupação em se preservar o centro velho, mas a questão social é muito grande. Por exemplo, quando é feita a limpeza de um monumento, no dia seguinte ele já está pichado de novo. Precisa ser feita uma educação patrimonial para que isso não ocorra, explicar à população quanto custa para limpar um monumento. Cada vez que se limpa um monumento é tirado um pouquinho dele também, então o ideal é que essa limpeza seja feita poucas vezes”, completou.