ISSN 2359-5191

11/12/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 99 - Saúde - Faculdade de Odontologia
Pesquisa aponta eficácia de novo material para tratamento da hipersensibilidade dentinária
Principais estruturas do dente humano

O incômodo e a dor causados ao ingerir alimentos ou líquidos quentes ou frios são sintomas da hipersensibilidade dentinária (HD). O problema é recorrente e atinge grande parte da população, que apresenta clinicamente uma região de dentina exposta, tecido este que deveria estar protegido pelo esmalte dentário na coroa ou por cemento na raiz (como indicado na imagem).

Foram criadas várias alternativas para o tratamento da HD, dentre elas as pastas de dente dessensibilizantes são as mais utilizadas e difundidas comercialmente. Além dos tratamentos realizados em consultórios odontológicos, como o tratamento com flúor. A ação da maioria destes produtos e procedimentos consiste basicamente no bloqueio mecânico da entrada dos túbulos dentinários (pequenos canalículos localizados na dentina que ligam o meio bucal à polpa dentária nos pacientes com hipersensibilidade), impedindo que o líquido que existe no interior destes túbulos seja movimentado e pressione os vasos e nervos nos dentes provocando dor. No entanto, a durabilidade destes tratamentos sofre a influência constante de bebidas e alimentos ácidos, própria escovação, ou mesmo o abandono do tratamento, favorecendo o retorno do problema.

       A odontologia busca desenvolver materiais que sejam mais eficazes, ou seja, estimulem a formação de uma proteção natural e garantam maior durabilidade. Nesse sentido, seria possível não só acabar com o incômodo, como também recuperar o tecido original e, de fato, tratar a doença.

       Atualmente, as principais substâncias indicadas com este propósito são: biovidro e Gluma® Desensitizer. A pesquisadora Talita Christine Camilo Lopez estudou, em sua dissertação de mestrado na Faculdade de Odontologia da USP, sob orientação da professora Márcia Marques, o efeito de cada uma destas substâncias associadas ou não à laser fototerapia, a qual também tem sido empregada no tratamento à hipersensibilidade e possui um efeito analgésico, anti-inflamatório e bioestimulador.

A pesquisa apresentou cinco grupos experimentais, sendo eles um grupo controle, com células-tronco crescidas em condições ideais, e outros quatro grupos em que foram aplicados, respectivamente, Gluma, biovidro, Gluma e laser fototerapia e biovidro e laser fototerapia. A pesquisa comparou o desempenho celular de todos os grupos em relação ao controle (células-tronco em condição ideal) buscando um tratamento ideal.

Os resultados da pesquisa mostraram que o Gluma, material atualmente considerado por muitos como o melhor tratamento, foi tóxico para as células. A toxicidade da substância foi conferida através da diminuição do número de células viáveis. Entretanto, este mesmo material associado à laser fototerapia demonstrou melhor resultado. O Gluma, embora tóxico, mostra-se com função semelhante à exercida pelas pastas de dente já citadas, ou seja, é capaz de fechar mecanicamente a comunicação entre dentina e polpa.

O biovidro, por outro lado, pode ser considerado bastante vantajoso, não só por apresentar resultados positivos para os critérios de sobrevivência celular, mas também porque quando associado à laser fototerapia, as células em meio condicionado por essa substância proliferaram de forma muito próxima do seu crescimento nas condições ideais. Este aspecto é fundamental para o sucesso do tratamento. Só assim há estímulo para a polpa dentária formar tecido natural próprio, uma dentina reparadora capaz de não só diminuir a dor causada pela hipersensibilidade dentinária, mas também de tratar do problema até que o organismo consiga se recuperar.  Este foi um trabalho laboratorial, in vitro e, portanto, somente após a realização de estudos em animais e em humanos poderemos, com certeza, utilizar estes tratamentos com segurança na clínica odontológica.


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