ISSN 2359-5191

13/05/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 35 - Saúde - Escola de Artes, Ciências e Humanidades
Progesterona é um dos responsáveis pelo diabetes gestacional
Pesquisa revela que alto nível do hormônio é capaz de induzir morte de células produtoras de insulina
Descoberta traz esperança às mães | Crédito: Wikimedia Commons

Desde 2007, dupla de professoras do curso de Obstetrícia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP vem pesquisando a relação entre o hormônio progesterona e o desenvolvimento de diabetes gestacional (DG). O que se descobriu é que o alto nível de progesterona no corpo materno induz a morte de células β pancreáticas, sintetizadoras de insulina, favorecendo o diabetes gestacional.

De acordo com a pesquisa, a relação desregulada entre os hormônios progesterona e estrogênio, em que a progesterona se prevalece, seria responsável por causar um “estresse oxidativo”. Ou seja, produção excedente de radicais livres, espécies reativas capazes de desregular o funcionamento das células e levá-las à apoptose, morte programada.

Em estudo canadense, médicos ministraram 250mg semanais de progesterona como medida profilática para a prevenção de partos prematuros. Percebeu-se que, entre as mulheres que haviam recebido o hormônio, a incidência de DG foi 13% maior que as demais. Tal resultado reforça a tese de que o tal hormônio seria um dos grandes indutores de DG.

Em uma gestação saudável, a progesterona causa resistência periférica à insulina, deixando mais glicose disponível no sangue para o feto. Em condições normais, as ilhotas (aglomerado de células β pancreáticas) respondem ao aumento da demanda de insulina e os níveis glicêmicos permanecem estáveis. No entanto, entre 3% e 7% das gestações, é diagnosticado no segundo trimestre o diabetes gestacional momento que coincide com o pico de produção de progesterona pelo corpo materno.

A progesterona, contudo, é essencial para a gravidez. Como seu próprio nome sugere, sua ação tem efeito pró gestagem. Entre seus papéis, está o de preparar o corpo feminino para receber o feto, evitando contrações e mantendo certa flacidez dos músculos uterinos.

Entre os males do diabetes gestacional, está o aumento de 40% das chances da mãe desenvolver diabetes do tipo 2 após o parto. Além disso, pode causar má formação fetal, sobrepeso e nascimento prematuro. Estudos recentes mostram que a ocorrência de DG aumenta gradativamente conforme a idade da mãe. Em mulheres de até 20 anos, a incidência é de 1,4%; acima dos 30 anos, 3,8% e acima dos 40 anos, gravidezes consideradas idosas, 7,2% são atingidas.

Segundo a pesquisa, mulheres que fazem uso de anticoncepcionais baseados em progesterona têm maior chance de desenvolver DG. Os dados, no entanto, não permitem precisar a porcentagem de aumento.

A partir de modelo in vitro, as pesquisadoras perceberam que aumentando o nível de vitamina E, o estresse oxidativo era parcialmente neutralizado, mantendo as células β vivas. Isso abre precedentes para indicações médicas de medidas preventivas do diabetes gestacional.

A pesquisa, comandada pelas professoras Anna Karenina Azevedo Martins e Viviane Abreu Nunes Cerqueira Dantas, tem financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) desde 2007 e deu origem a alguns projetos de Iniciação Científica. Entre eles, está o das alunas da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, que investiga a dieta alimentar das mulheres com diabetes gestacional. A proposta é, futuramente, criar uma cartilha alimentar que possa ajudar a prevenir a doença.

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