ISSN 2359-5191

16/07/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 12 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Química
Polpa de fruta é empregada para converter luz em energia elétrica

São Paulo (AUN - USP) - Parece bastante inusitado, mas é verdade. Polpa de açaí e amora pode ser utilizada na conversão de energia luminosa em elétrica. Pesquisa coordenada pela professora Neyde Yukie Murakami Iha, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), aplica corantes naturais presentes em certas frutas de tons entre o vermelho e o azul para a absorção de luz em células fotovoltáicas sensibilizadas por corantes (Dye-Cells).

Esse tipo de célula utiliza como semicondutor o dióxido de titânio (TiO2), substância comum que é utilizada em pastas de dente e tinta branca de parede. No entanto, como o TiO2 é branco, ele não absorve luz visível. É necessário empregar, portanto, um corante adequado para a absorção de Energia Solar. Até então se utilizaram os sintetizados. Agora, uma nova opção são os naturais, cuja eficiência se mostrou parecida. Como foi utilizado o extrato de frutas ao invés do corante isolado, a durabilidade apresentada não foi longa. No entanto, a professora afirma que, se isolado, o natural pode durar mais.

A Dye-Cell tem sido estudada como alternativa às de silício, encontradas no mercado. Comparativamente, sua produção é mais simples e barata: sua previsão de custo em escala industrial é de menos da metade. Como impurezas do semicondutor não são críticas no funcionamento da Dye-Cell, são dispensados procedimentos complicados necessários para a fabricação das células de silício, tais como o uso de sala limpa e de roupas especiais. Além de gastar menos energia, sua produção tem também um custo ambiental muito mais baixo, pois não são utilizadas nem geradas substâncias poluentes na produção e purificação de semicondutores.

A eficiência dos dois tipos de células solares é equivalente, mas, como a Dye-Cell ainda é uma tecnologia que tem muito a ser desenvolvida, há previsão de que tenha sua eficiência aumentada, uma vez que as estimativas mostram um rendimento máximo ao redor de 27%. Outra vantagem é que ela converte energia mesmo sem a incidência direta de luz – como em dias nublados ou em luz difusa.

Por ser transparente, ela pode ser utilizada como janela, vidro decorativo colorido, teto solar. As inovações mais recentes incorporam filamentos metálicos para produção de células de dimensões maiores do que os utilizados em fins laboratoriais (0,5cm²) sem perder eficiência. Já há interesse do setor hoteleiro e de arquitetura na aplicação das novas células, e já há empresas que pensam em produzi-las.

Também foram desenvolvidas Dye-Cells flexíveis, feitas em plástico condutor e gel polímero. Isso possibilita e amplia a aplicação da tecnologia em fins diversos.

A pesquisa já rendeu três patentes, foi considerada em 2001 tecnologia inovadora pelo Ministério de Ciência e Tecnologia e ganhou menção honrosa em 2002 no prêmio Governador do Estado.

Maiores informações sobre a pesquisa podem ser encontradas no site www.iq.usp.br/geral/dyecell.

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