ISSN 2359-5191

06/07/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 64 - Saúde - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP
Intervenção psicológica contribui para recuperação de vítimas de trauma
Quase metade dos acidentados demonstra sinais de ansiedade e 22% apresentam sintomas de depressão

As chamadas causas externas, como agressões e acidentes de trânsito, são a terceira maior causa de internações no SUS no Brasil, totalizando quase um milhão de ocorrências só em 2012. Em outubro de 2013, o Ministério da Saúde publicou a portaria n° 1365 que aprova e institui a Linha de Cuidado ao Trauma na Rede de Atenção às Urgências e Emergências. O objetivo é agilizar o atendimento dessas vítimas, evitando óbitos ou prevendo sequelas. Apesar da criação da medida, seu suporte psicológico segue defasado no país, como é abordado por uma tese do Departamento de Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP-USP). Realizado por Lucas Félix de Oliveira, o estudo foi concluído no último trimestre de 2014 e buscou avaliar a presença de ansiedade e depressão em vítimas de trauma.

Cerca de 42% dos pacientes avaliados apresentaram níveis de moderado a grave de ansiedade e 22% deles demonstraram sofrer de depressão, dentro dos mesmos termos. Além disso, foi detectada alteração na qualidade do sono em mais da metade das vítimas. Ao todo, foram avaliados 85 pacientes vítimas de acidentes domésticos, de trabalho ou de trânsito, entre outubro de 2013 e janeiro de 2014, atendidos pela Unidade Especializada em Reabilitação (UER) do SUS, do município de Uberaba, interior de Minas Gerais. Para a análise, Lucas utilizou três instrumentos: um questionário sociodemográfico e duas escalas: uma de ansiedade e outra de depressão.

A motivação para a realização do trabalho aconteceu devido à percepção por parte de Lucas de que a grande maioria das pesquisas sobre vítimas de trauma é focada nas consequências físico-patológicas decorrentes do acidente, e são poucas as análises de aspectos psicoemocionais desses indivíduos. “Tendo em vista que quase a metade dos participantes do estudo apresentou níveis significativos de ansiedade e/ou depressão justifica-se a necessidade de intervenção do psicólogo no processo de reabilitação das vítimas de trauma”, afirma o pesquisador. Ainda segundo Lucas, o acolhimento psicológico das vítimas deveria ser realizado durante o atendimento inicial, a fim de reduzir danos psicológicos causados pelo acidente e, posteriormente, prevenir o desenvolvimento de transtornos psicológicos.

Outro dado apresentado no estudo demonstra que grande parte dos pacientes não realizava atividade alguma, remunerada ou não, quando do momento da pesquisa. Uma intervenção possível seria a de direcionar esses pacientes a  atividades voltadas à cultura, lazer, educação ou religião, dentro de suas comunidades. Neste contexto, também se destaca a importância de uma equipe multiprofissional e de atuação interdisciplinar para o atendimento dessas vítimas, principalmente no que diz respeito à presença de um psicólogo durante todo o período de assistência. “Isto poderá contribuir para um maior ajustamento pós-trauma que se refletirá na efetiva reinserção social do indivíduo”, afirma Lucas.

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