ISSN 2359-5191

06/08/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 70 - Meio Ambiente - Instituto Oceanográfico
Distribuição de microrganismos do ciclo do carbono está associada a nutrientes na água
Correntes marítimas do Atlântico influenciam dinâmica desses organismos, indica pesquisa
Análises feitas em laboratório revelaram informações importantes sobre os microrganismos (Foto: Reprodução)

O arranjo espacial de microrganismos relacionados ao ciclo do carbono, essencial para a vida no planeta, foi objeto de estudo da dissertação de mestrado de Natascha Bergo, pesquisadora do Instituto Oceanográfico (IO) da USP. Entre os resultados, observou-se que esses microrganismos espalham-se de acordo com a disponibilidade de nutrientes de cada massa de água.

A pesquisa procurou avaliar a dinâmica e abundância dos microrganismos durante a intrusão da Água Central do Atlântico Sul (Acas), corrente formada em decorrência da mistura entre a Água Tropical e a Água Subantártica, na Plataforma Continental Sudeste (PCSE). Tais microrganismos foram estudados a partir de amostras de água coletadas em seis diferentes profundidades da coluna de água na PCSE durante a intrusão da Acas.

“Caracterizamos a distribuição de microrganismos fundamentais para o fluxo de carbono no verão, ou seja, no período de aumento da disponibilidade de nutrientes devido à intrusão da Acas na Plataforma Continental Sudeste”. Segundo Bergo, alguns dos microrganismos estudados participam da produção primária nos oceanos, ou seja, contribuem para entrada do carbono na biosfera marinha e a produção de oxigênio. Além disso, estes microrganismos são predados por organismos maiores, como larvas de peixes, atuando como base da cadeia alimentar marinha e auxiliando no fluxo de carbono na plataforma continental – e, consequentemente, na manutenção de estoques pesqueiros.

A coleta das amostras foi feita a bordo do Navio Oceanográfico “Alpha Crucis” no verão de 2013, sendo os microrganismos levados para análise em laboratório do IO-USP posteriormente. Os resultados indicaram que a distribuição desses organismos está relacionada às características físicas e a disponibilidade de nutrientes das massas de água.

“A cianobactéria Prochlorococcus spp. é, possivelmente, um ecotipo adaptado a menor índice de luminosidade. O restante dos autotróficos, a cianobactéria Synechococcus spp., o nanoplâncton e o picoplâncton eucarioto são característicos de regiões costeiras”. As bactérias heterotróficas foram abundantes na região costeira – provavelmente devido à maior disponibilidade de matéria orgânica, o que corrobora com o resultado encontrado de maior biomassa de carbono próximo à costa, segundo a pesquisadora.

Carbono e vida

O ciclo do carbono é fundamental para a manutenção da vida na Terra. Ele tem início com a absorção, por parte dos organismos autótrofos (como as plantas), do gás carbônico da atmosfera, que é utilizado para os processos de fotossíntese e quimiossíntese. Incorporado às moléculas desses organismos, o carbono passa para o próximo nível trófico (conjunto biótico que possui hábitos alimentares semelhantes, num mesmo ecossistema) quando animais herbívoros ingerem as plantas e absorvem parte do carbono na forma de açúcares. Ao ser ingerido pelos animais, o carbono é devolvido à atmosfera através da respiração ou da decomposição de seus organismos, reiniciando, assim, o ciclo.

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